Museu de Arqueologia à espera de reabilitação
O edifício
do Museu Nacional de Arqueologia está localizado na Marginal da Praia Morena, em Benguela. É considerado Património Histórico Cultural e, no seu interior, conserva um número próximo a 10 mil peças de acervo histórico. Arquitectonicamente, é uma obra do século XVII-XVIII e era ali onde os escravos eram “armazenados”, temporariamente, até serem exportados para as Américas, em navios negreiros. Mais tarde, funcionaram neste local os serviços das Alfandegas, mas, depois da proclamação da Independência, apenas em 1979 foi oficializado como Museu Nacional de Arqueologia
Em termos simbólicos, foi nessa data que a direcção do museu ofereceu uma peça ao primeiro Presidente do país, António Agostinho Neto, na sua última visita à província de Benguela. O arqueólogo Luís Pais Pinto foi o seu primeiro director e tem como referencia de Fundação o ano de 1979. O país estava no auge dos conflitos armados, o que era impraticável a realização de estudos arqueológicos. O património histórico tem sob a sua alçada 47 estações arqueológicas e 8.118 objectos, que revelam o passado da humanidade há milhões de anos.
Um punhado de jovens atrevidos e aventureiros, que, fruto do amor à investigação arqueológica, arriscava-se a realizar pesquisas em terrenos perigosos devido à guerra. O trabalho assinalou estações e sítios arqueológicos descritos no período colonial e descobertos e catalogados.
As pesquisas limitavamse, antes do Acordo de Paz, ao Litoral de Benguela (desde o Dombe Grande, no rio Coporolo, à BaíaFarta, arredores de Benguela, Lobito e uma parte da Egipto Praia), em zonas tidas como de guerra. Por falta de recursos financeiros, os trabalhos de escavação na estação arqueológica do Dungo 4 e 5 e da Baleia e de outros fósseis ósseos e líquidos, iniciados em 2002, encontram-se paralisados e sem previsão de retomada.
A instituição continua a formar quadros, que terão a missão de dar seguimento à conservação e à busca de informação arqueológica, apesar das inúmeras dificuldades para o funcionamento. O Museu preserva o Departamento da Biblioteca, por considerar uma das áreas importantes para a contínua pesquisa, em termos de registos escritos.
Na Biblioteca, continuam a ser catalogados Diários de 1920 a 1975, pertencentes à antiga Província Ultramarina de Portugal (Angola enquanto colónia), História Universal, 15 volumes, e 250 obras literárias, das quais Literatura Angolana.
Um jovem que elegeu o parque do Museu como local de estudo defendeu que Benguela já consta da rota dos navios cruzeiros e comboios que visitam os monumentos; que é hora de pensarmos na requalificação destes importantes pólos de atraçao turística, onde o destaque passa pelo edifício do Museu Nacional de Arqueologia.
“Monumento histórico da obra de constituição análoga possui um valor histórico; são locais emblemáticos que devem ser conhecidos pela sociedade, divulgados e preservados”, disse João Santos.
O estudante referiu que a reabilitação do monumento, o edifício do Museu Nacional de Arqueologia, como forma de atrair mais turistas nacionais e estrangeiros, é de capital importância para a preservação do património público.
A província de Benguela tem várias localidades para buscar conhecimento histórico sobre os primeiros habitantes; onde existem materiais que documentam terem sido zonas habitadas pelo homem há milhões de anos, que os especialistas devem dominar e estudar, sublinhou João Santos.
O Museu atravessa várias dificuldades de âmbito financeiro e técnico, em particular os ligados à arqueologia. É necessário que se faça algo, de modo a que os jovens estudantes estejam informados do que foi a realidade da província há milhares de anos, conclui o jovem.