Papel das conselheiras
Desde a sua fundação, o União Mundo da Ilha mantém a mesma designação. Um dos fundadores foi o falecido António Miranda, pai da actual vocalista principal, Tonicha Miranda.
Tia Maria da Conceição João, Madalena Lourenço “Nga Muturi”, Lourenço Bernardo Mateus “Ma Kota”, Beatriz Domingos António “Tia Loló” e Esperança Miguel Pascoal desempenham actualmente a função de conselheiras, um “estatuto especial” atribuído aos mais velhos do grupo.
Na década de 60, conta tia Maria da Conceição João, deslocavam-se à Samba para assistir a manifestações culturais. Posteriormente, disse, juntaram-se e formaram grupos de bailarinos, sob orientação dos mais velhos. Tudo começou no bairro Farfalho, na Ilha de Luanda. Daí, explicou, o grupo começou a fazer os primeiros ensaios, na base do improviso. “Foi assim que o movimento começou a ganhar vida e a juntar os moradores do bairro”, recorda outra conselheira, a tia Madalena
Lourenço “Nga Muturi”.
O projecto União Mundo da Ilha ganha corpo em 1968, ano oficial da sua fundação. Segundo Nga Muturi, “foi durante o komba da tia Domingas que se decidiu atribuir um nome a todo aquele movimento cultural tradicional”.
Embora haja divergências entre as conselheiras, quanto ao dia e mês da fundação do União Mundo da Ilha, há unanimidade quanto ao ano – 1968 -, de acordo com a anciã Nga Muturi.
Os registos indicam que o Mundo da Ilha foi fundado a 12 de Dezembro de 1968, fruto da fusão do Evita da Ilha e dos Invejados.
Lourenço Mateus “Ma Kota” recorda que os integrantes do grupo pagavam cota de dois a três escudos. Nos primeiros anos desfilavam com indumentárias feitas de panos coloridos chamados “chicata”. Cada senhora adquiria o seu próprio tecido para fazer a sua indumentária (saias), produzidas pela primeira vocalista e compositora do grupo, Brucunha Afonso. Um ano antes da sua morte, o presidente fundador António Miranda indicara para seu sucessor o sobrinho Zeca e para o cargo de primeiro secretário Tio Basto.
De acordo com a tia Beatriz Domingos António “Tia Loló”, a história da composição musical e direcção do União Mundo da Ilha regista nomes Tia Kulu, Tia Mabunda (Nga Muturi), Tio Basto e Tio Miguel Diogo, o Rei Elias, Tia Cumo, Mana Pequena, Tia Esperança (primeira Rainha), Tia Josefa, Tia Francisca e as princesas Chinha e Kaloje.
A história da rivalidade entre os grupos é antiga. No passado, o grupo carnavalesco União Mundo da Ilha tinha como seu rival o Kabocomeu, como conta a antiga dançarina Esperança Pascoal.
Hoje, disse, o Kabocomeu está descaracterizado e, com o passar dos anos, a perder a sua essência. “Queremos que os grupos tradicionais do antigamente voltem a brilhar como no passado, quando a competição era muito mais interessante”, frisou Eperança Pascoal.