País tem um médico para 117 mil famílias
Organização Mundial da Saúde recomenda um especialista de cuidados primários para 70 agregados familiares
O país conta com um médico para atender as necessidades de saúde primária de 117 mil famílias, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um médico para 70 agregados familiares.
A informação foi avançada ontem, ao Jornal de Angola, pelo presidente do colégio de especialidade da medicina geral e familiar da Ordem dos Médicos de Angola.
Israel Kussumua, que falava por ocasião do Dia Mundial do Médico de Família, que hoje se assinala, disse que o país conta apenas com 51 médicos nacionais formados em medicina familiar.
"Se fizermos o rácio vamos concluir que cada médico atende mais 47 famílias além da cifra de 70 recomendada pela Organização Mundial da Saúde", referiu.
Segundo explicou, a medicina familiar é uma especialidade médica que visa prestar os cuidados primários de saúde nas comunidades.
Os países mais desenvolvidos, acrescentou, perceberam, desde muito cedo, que a garantia do desenvolvimento económico, político e social passa por uma população saudável, razão pela qual investiram fortemente para que os cuidados primários de saúde estejam mais próximos do cidadão.
O paciente, ainda de acordo com Israel Kussumua, antes de ser evacuado para uma unidade hospitalar de referência, para uma intervenção mais especializada, deveria passar por um especialista de medicina familiar, que o acompanha na comunidade, desde os primeiros dias da sua vida até à velhice.
Segundo Israel Kussumua,
a aposta nos médicos de família contribui em grande medida na melhoria da medicina preventiva, o que se vai reflectir na redução dos investimentos na medicina interventiva.
Garantiu que, com a chegada dos 263 médicos de nacionalidade cubana, que estão a ser distribuídos nos 164 municípios do país, a partir de Setembro do corrente a meta é reforçar as competências dos quadros nacionais, para elevar os actuais indicadores no atendimento às famílias.
Até a presente data, referiu, 95 por cento dos quadros formados em medicina familiar no país foram treinados pelos centros de formação em medicina familiar das clínicas Multiperfil e Sagrada Esperança.
Interpelado pelo Jornal
de Angola na via pública, Marta da Assunção Miguel, morador do bairro Mundial, desde 2003, no município de Belas, em Luanda, explicou que o acesso aos cuidados primários de saúde naquele bairro exige caminhar vários quilómetros, a maior parte das vezes na calada da noite.
Já Afonso de Jesus, motorista de profissão, explicou que os moradores do bairro Boa Fé, no município de Viana, nunca beneficiaram de nenhuma visita médica domiciliar.
O Dia Mundial do Médico de Família assinala-se desde 1978, em alusão à primeira conferência internacional sobre os cuidados primários de saúde, promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), na República de Cazaquistão.