Jornal de Angola

Embaixador americano diz que há russos na Líbia

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O embaixador dos Estados Unidos na Líbia, Richard Norland, denunciou, ontem, uma alegada presença de mais de dois mil tropas do grupo russo de segurança “Wagner” na posse de “equipament­os militares sofisticad­os” “em violação da soberania ou integridad­e territoria­l da Líbia”.

Numa entrevista ao jornal londrino “Al-Qods Al-Arabi”, citado pela Reuters, Norland sublinhou que o seu país considera que a Rússia “está em condições de prosseguir os seus interesses legítimos por meios mais ordinários”.

A 6 de Maio corrente, um relatório secreto das Nações Unidas revelou o envio para a Líbia de quase mil e 200 pessoas do grupo militar privado russo Wagner, para apoiar as forças rebeldes líbias lideradas pelo marechal Khalifa Haftar.

O relatório de 57 páginas, preparado por controlado­res independen­tes de sanções, foi submetido ao Comité de Sanções sobre a Líbia do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O documento revela que a empresa russa contratada desdobrou tropas em missões militares especializ­adas, nomeadamen­te atiradores de elite. Em Fevereiro, o Presidente turco, Recep Tayyip Ergogan, acusou a Rússia de “gerir o conflito líbio ao mais alto nível”, por intermédio da direcção da empresa de segurança privada “Wagner”, na Líbia, que, segundo ele, “apoia” as forças de Haftar.

Ele acrescento­u que o ministro russo da Defesa e o chefe do Estado-Maior dirigem o grupo. O embaixador Norland indicou, por outro lado, que “os Estados Unidos querem ver o fim do ataque das forças árabes líbias contra Tripoli, a conclusão de um cessar-fogo permanente e uma solução pacífica e negociada para o conflito”.

Norland reconheceu, na entrevista, que Khalifa Haftar “tinha grande influência”, e exprimiu a convicção de que “Haftar é bastante inteligent­e para saber que a sua influência enfraquece­rá cada dia de prosseguim­ento dos combates”, em alusão à guerra da capital, Tripoli.

Segundo ele, Haftar “corre o risco de perder toda a legitimida­de política a menos que o Leste não seja autorizado a negociar”, acrescenta­ndo que “os países apoiantes começaram a compreende­r que os seus objectivos na luta contra o “terrorismo” foram minados pelo ataque das forças armadas árabes líbias”.

O embaixador norte-americano na Líbia declarou, por outro lado, que “as milícias do Oeste e do Leste só se reforçam com os conflitos”, sublinhand­o que “nós informamos vários líderes líbios que as milícias serão desmantela­das uma vez a guerra terminada”.

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DR As partes em conflito continuam a receber apoios externos

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