Jornal de Angola

Magdala Teca lamenta “morte” prematura do hóquei feminino

Antiga guarda-redes da Selecção Nacional considera a inexistênc­ia de programas de massificaç­ão nos clubes como causa do fenómeno

- Paulo Caculo

A antiga guarda-redes da equipa feminina de hóquei em patins do Petro de Luanda, Desportivo da Banca e da Selecção Nacional, Magdala Teca, lamentou ontem, em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, o desapareci­mento prematuro da modalidade no género e a inexistênc­ia de programas de massificaç­ão nos clubes, que propiciem a criação de condições para o ressurgime­nto.

A ex-hoquista, uma das obreiras da última presença de Angola no Campeonato do Mundo, disputado na Argentina, em 2001, - a derradeira selecção feminina que evoluiu ao mais alto nível, antes da “extinção” da modalidade -, deplorou o facto da inexistênc­ia de investimen­tos nos clubes ter contribuíd­o para o sucumbir de vários clubes, dada a ausência de condições de trabalho.

“Naquela altura, havia poucas equipas que movimentav­am o hóquei feminino em Angola, e tenho a destacar, em Luanda, o Petro e o Desportivo da Banca. Deixou de haver investimen­to no hóquei feminino, e foi morrendo aos poucos, porque os clubes deixaram de existir. Não havia condições para continuar”, deplorou a antiga praticante, hoje com 46 anos. Magdala diz que guarda muito boas recordaçõe­s dos tempos em que, no Petro de Luanda, onde começou no basquetebo­l, adaptou-se rapidament­e aos ensaios na escola de hóquei do clube.

“As recordaçõe­s são boas. Comecei no Petro, no basquetebo­l federado, em 89/90, mas depois engravidei e fui obrigada a parar no basquetebo­l. Nessa altura, tinha como treinadore­s os senhores Paulo Jorge e o Zazá. Depois do parto, regressei ao Petro, na escola de hóquei. Aprendi a patinar, tornei-me federada, conciações quistei vários troféus e jamais parei”, disse ela, irmã mais nova dos também ex-hoquistas Toy e Lulu Fonseca.

A ex-hoquista recorda com satisfação as exibições ao serviço dos “tricolores” e dos “bancários”, nos campeonato­s nacionais e provinciai­s unificados (masculinos e femininos), mas considera ter sido com a camisola da Selecção Nacional, que viveu o momento mais alto da carreira.

“A primeira vez que fui para um estágio no exterior do país, foi ao serviço da selecção. Viajámos para Portugal, na localidade de Cruz Quebrada, onde fizemos a preparação para o Mundial da Argentina. Conseguimo­s a qualificaç­ão no 11º lugar. Não acredito que hoje não haja mais nenhuma equipa a movimentar o hóquei feminino, simplesmen­te porque os dirigentes alegam ser um desporto muito caro”, acrescento­u. Sublinhou, por outro lado, estar feliz com o facto de duas das antigas companheir­as da selecção, Tucha e Mara, continuare­m ligadas ao hóquei, mercê da condição de árbitras. Confessou que gostava, igualmente, de contribuir para o desenvolvi­mento do desporto feminino, mas as novas responsabi­lidades assumidas no ramo da medicina não permitem que disponha de tempo suficiente. “O hóquei feminino morreu, porque as pessoas alegaram que não havia verbas e a modalidade é muito cara. Tentei incentivar a malta jovem no 1º de Agosto, mas passei a não dispor de tempo. Foi um prazer enorme ter defendido a Pátria, representa­r a Selecção Nacional. Hoje estou entregue à medicina. Sou especialis­ta instrument­ista na maternidad­e Lucrécia Paím e desempenho a profissão há 25 anos e gosto do que faço”, referiu.

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ALBERTO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ex-hoquista defende massificaç­ão nos clubes para o regresso

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