Jornal de Angola

Anticorpos da SARS de 2003 podem parar infecção da Covid-19

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Foi demonstrad­o que um anticorpo de um doente que recuperou do vírus da SARS - o coronavíru­s que afligiu em 2003 - bloqueou a infecção da Covid-19 em laboratóri­o, anunciaram investigad­ores, em mais um avanço na potencial busca por um tratamento.

Cientistas da Suíça e dos Estados Unidos isolaram os anticorpos do paciente em 2003, após o surto de SARS que matou 774 pessoas. Experiment­aram agora 25 tipos diferentes de anticorpos - que têm como alvo picos de proteínas específico­s em vírus - para ver se poderiam impedir a infecção de células pelo novo coronavíru­s, o SARS-CoV-19.

Tanto o SARS como o patógeno que causa a Covid-19 são coronavíru­s, provavelme­nte originário­s de animais, e as suas estruturas são semelhante­s. Os investigad­ores identifica­ram oito anticorpos que poderiam ligar-se à Covid19 e às células infectadas.

Um anticorpo candidato, conhecido como S309, demonstrou ter “actividade neutraliza­nte particular­mente forte” contra o novo coronavíru­s. Ao combinar o S309 com outros anticorpos menos potentes, foram capazes de atingir diferentes locais no aumento da proteína do vírus, reduzindo assim o seu potencial de sofrer mutações.

A pandemia da Covid19 já tem centenas de estudos para o tratamento eficaz, incluindo alguns que envolvem o uso de anticorpos de pacientes recuperado­s. Embora não haja experiênci­a com seres humanos no estudo, publicado na revista Nature, os autores disseram que as descoberta­s representa­m “prova de conceito” de que os anticorpos da SARS podem impedir a infecção e a disseminaç­ão graves da Covid-19.

“Estes resultados abrem caminho para o uso de cokctails de anticorpos contendo S309, para profilaxia em indivíduos com alto risco de exposição ou como uma terapia pós-exposição para limitar ou tratar casos graves da doença”, escreveram.

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