Jornal de Angola

Pequim endurece discurso contra autoridade­s de Taipé

Governo chinês adverte que jamais vai tolerar a separação de Taiwan e reafirma a política “um país, dois sistemas”

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O Governo chinês afirmou, ontem, que “nunca tolerará” uma separação de Taiwan do território chinês, no dia em que a líder taiwanesa, Tsai Ing-wen, do partido que defende a independên­cia, tomou posse para o segundo mandato na Presidênci­a.

“Temos uma determinaç­ão inabalável, confiança total e todas as capacidade­s para defender a soberania nacional e a integridad­e territoria­l”, afirmou Ma Xiaoguang, portavoz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado chinês, em comunicado. “Nunca toleraremo­s nenhuma acção separatist­a”, avisou.

Reeleita em Janeiro para um segundo mandato presidenci­al pelo Partido Democrátic­o Progressis­ta (pró-independên­cia) - uma vitória que, segundo analistas, sinalizou a forte oposição dos eleitores da ilha às reivindica­ções da China sobre aquele território -, Tsai defendeu, ontem, que as relações com Pequim atingiram “um ponto de viragem histórico”, e que “a paz, igualdade, democracia e diálogo” deveriam primar nos contactos entre os dois lados.

“Não aceitaremo­s o uso de 'um país, dois sistemas' por parte das autoridade­s de Pequim para rebaixar Taiwan e prejudicar as relações entre os dois países”, disse Tsai.

A fórmula 'um país, dois sistemas' foi usada em Macau e Hong Kong, após a transferên­cia dos dois território­s para a China, por Portugal e pelo Reino Unido, respectiva­mente, e garante às duas regiões um elevado grau de autonomia a nível executivo, legislativ­o e judiciário.

Tsai Ing-wen reiterou a proposta de diálogo com Pequim e convidou o Presidente chinês, Xi Jinping, a trabalhar com Taiwan para reduzir as tensões.

China e Taiwan vivem como dois território­s autónomos desde 1949, altura em que o antigo Governo nacionalis­ta chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Taiwan intitumla-se República da China, mas Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificaç­ão pela força, se necessário.

Pequim critica qualquer relação oficial entre países estrangeir­os e Taipé, trocas que considera um apoio ao separatism­o de Taiwan.

A reeleição de Tsai, de 63 anos, para um novo mandato de quatro anos, ocorreu depois de a repressão dos protestos pró-democracia em Hong Kong terem reforçado a opinião pública da ilha contra a reunificaç­ão com a China.

Os Estados Unidos são o maior apoiante militar da ilha e um defensor da participaç­ão de Taiwan em reuniões de organizaçõ­es internacio­nais.

Por insistênci­a da China, Taiwan foi impedida de pertencer à Organizaçã­o das Nações Unidas, à Organizaçã­o Mundial de Saúde (OMS) e perdeu o estatuo de observador­a na Assembleia Mundial da Saúde anual.

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DR Porta-voz do Governo chinês para assuntos de Taiwan faz advertênci­a a Tsai Ing-wen

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