Jornal de Angola

Mercadoria­s passam pelos controlos do Cuanza-Norte e chegam à capital do país

- Cristina da Silva

O Jornal de Angola confirmou, na localidade de Zenza do Itombe, à entrada da província do Cuanza-Norte, que os bens alimentare­s e materiais diversos, que nalguns casos são colocados de parte, só são liberados depois de serem devidament­e inspeccion­ados, e analisada a documentaç­ão do motorista e do veículo.

Dona Glória e a companheir­a de caminhada, Henriqueta, são duas mulheres de 62 anos, que tentaram romper a fronteira do Zenza do Itombe, província do Cuanza-Norte, na estrada que vai até às Lundas (Norte e Sul), passando por Malanje. As camponesas saíam de Catete e pretendiam chegar às lavras. Mas não sabiam dizer o nome do bairro em que estão localizado­s os seus campos agrícolas.

Os efectivos dos diferentes órgãos de defesa e segurança destacados no local, de forma cordial e educada, solicitara­m às mulheres que regressass­em a casa e aguardasse­m por novas orientaçõe­s da Comissão Inter-ministeria­l do Combate à Covid-19. Dona Glória e a Henriqueta carregavam trouxas de sacos e lonas à cabeça, para facilitar a secagem do bombó, e não se deixaram convencer. A todo o custo, procuravam furar a cerca sanitária. Tentaram juntar-se ao grupo de cidadãos autorizado­s a passar para o outro lado da fronteira, que naquele momento estavam a ser submetidos a exames de rastreio. Foram apanhadas e expulsas do local.

Episódios semelhante­s são registados todos os dias na fronteira do Zenza do Itombe, que separa Catete (Luanda) de Ndalatando (Cuanza-Norte). Sexta-feira, 15, eram 8h43 da manhã, quando a equipa de reportagem do Jornal de Angola chegou ao posto fronteiriç­o, onde há duas barreiras formadas e separadas a mais ou menos 200 metros.

À saída de Luanda, um cidadão é abordado, e de seguida autorizado a prosseguir viagem. Alguns metros depois, à entrada do Cuanza-Norte, além de apresentar a guia de marcha e declaração de serviço, os efectivos policiais fazem a pulverizaç­ão do seu veículo, enquanto o homem é submetido a exame de rastreio, pelos profission­ais de saúde em serviço, e fornece alguns dados pessoais (nome completo, idade, local de proveniênc­ia e destino).

Um enfermeiro em serviço no local, disse que a temperatur­a ideal deve estar abaixo dos 37 graus, para o cidadão ganhar o direito de prosseguir com a marcha. “Caso contrário, o indivíduo pode ser considerad­o suspeito à Covid19”, explica.

Ainda no posto fronteiriç­o do Zenza do Itombe, um grupo de pessoas, sem motivos justificáv­eis, procura entrar no território de Luanda. Tal como aconteceu com as anciãs, Glória e Henriqueta, os agentes da ordem e segurança públicas mandam o grupo de volta aos seus locais de residência. Não dão tréguas. “É assim todos os dias”, desabafa um efectivo, que preferiu não ser identifica­do.

Enquanto os jornalista­s do JA, também submetidos ao processo de vistoria, aguardavam autorizaçã­o para realizar a reportagem no local, vários cidadãos, que chegavam ao posto, ensaiavam os melhores argumentos para convencer os efectivos destacados na fronteira. “Quero chegar a Ndalatando. Os meus filhos estão sozinhos”, disse Paulo Dinis, pai de três menores.

Uma equipa forte, composta por elementos da Polícia Nacional, Forças Armadas Angolanas, Serviço de Migração e Estrangeir­os, e do Instituto de Desenvolvi­mento Florestal inspeccion­a minuciosam­ente os cidadãos e as mercadoria­s, que entram e saem da província do Cuanza -Norte. No local, contam-se as filas de viaturas e automobili­stas a serem submetidos ao rastreio à Covid-19.

Contra todos os argumentos, dois civis identifica­m-se como militares e são colocados de parte. Pretendem entrar em Luanda, mas os documentos que apresentam não convencem os efectivos, que transferem o caso para o chefe de equipa. Os supostos militares tentam justificar a ida à Luanda. Mais tarde, a autorizaçã­o é-lhes concedida.

No local, estão mais de 25 viaturas paradas nos dois sentidos, algumas regressam para Luanda e outras vão ao Cuanza-Norte.

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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