Jornal de Angola

Burundi foi a voto sem medo da Covid-19

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Os burundeses votaram, ontem, para escolher o futuro Presidente, no meio da pandemia da Covid-19 e no final de uma campanha muito disputada, que suscitou receios de uma nova onda de violência após a divulgação dos resultados finais.

Esta eleição marca o fim da era de Pierre Nkurunziza, que está à frente do país desde 2005 e que não se recandidat­ou, abrindo caminho ao candidato do partido governamen­tal CNDD-FDD, Évariste Ndayishimi­ye, 52 anos, contra o líder da oposição e presidente do Conselho Nacional para a Liberdade (CNL), Agathon Rwasa, 56 anos.

Segundo a AFP, a maioria da votação decorreu à porta fechada, tendo o Governo rejeitado a presença de qualquer missão de observação da ONU ou da União Africana (UA) e bloqueado o acesso às redes sociais mais populares (WhatsApp, Twitter, Facebook).

“Estou feliz por ter podido votar no candidato da minha escolha, mesmo temendo o que está a acontecer desde que as redes sociais foram cortadas”, disse Patrice, um professor de 30 anos, em Ngozi (Norte).

Gertrude, uma militante de 40 anos, do partido no poder, que votou na escola Nyabihanga, na província central de Mwaro, explicou a sua escolha: “Acabo de votar no Samuragwa (“o herdeiro”) para que perpectue o legado do nosso Presidente Pierre Nkurunziza”.

A febre eleitoral levou a que milhares de pessoas se reunissem sem quaisquer medidas de distanciam­ento social. Mas o Governo garantiu que o país estava protegido pela “graça divina”. A campanha foi marcada pela violência e por detenções arbitrária­s, além da expulsão de quatro representa­ntes da OMS no país.

Évariste Ndayishimi­ye, apresentad­o como o “herdeiro” de Pierre Nkurunziza, é um general, antigo combatente, como o mentor na rebelião hutu do CNDD-FDD, que lutou contra o Exército, dominado pela minoria tutsi, durante a guerra civil do Burundi, que decorreu entre 1993-2006 e causou 300 mil mortos. Agathon Rwasa é membro do mais antigo movimento rebelde do país (Palipehutu-FNL), um dos dois principais grupos rebeldes durante a guerra civil. Aos olhos dos hutus, que representa­m 85 por cento da população, Agathon Rwasa tem tanta legitimida­de para concorrer à Presidênci­a como o rival do CNDD-FDD.

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DR Votação decorreu sob suspeitas de propagação da Covid-19

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