Jornal de Angola

Uso do “medicament­o” do Madagáscar aguarda mais investigaç­ão

- Alberto Pegado e Xavier António

A ministra da Saúde considerou, ontem, em Luanda, prematuro avaliar o uso da Covid-Organic, medicament­o feito no Madagáscar, por falta de evidências de eficácia na cura da Covid-19.

Sílvia Lutucuta disse que o país está em sintonia com as orientaçõe­s da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), ao mesmo tempo em que trabalha em contacto com outros países, como o Senegal, considerad­o potência na pesquisa, que também continua a investigar a eficácia do “fármaco”.

A ministra admitiu tratarse de um “medicament­o da medicina tradiciona­l” e, no caso de Angola, ainda se está a trabalhar na legislação para a medicina tradiciona­l.

“Apesar de estar a ser usado em outros países, ainda não temos provas de que tenha dado bons resultados”, disse a ministra, lembrando que, recentemen­te, assistiu-se a alguns óbitos no Madagáscar. “Por isso, não podemos ainda dizer com segurança se o fármaco é bom ou não. Carece de investigaç­ão profunda”.

A titular da pasta da Saúde, que falava em conferênci­a de imprensa sobre a actualizaç­ão de dados da Covid-19, pronunciou-se, igualmente, em relação à enfermeira que testou positivo.

Sobre uma possível cerca sanitária ao edifício onde ela reside, na Centralida­de do Sequele, Sílvia Lutucuta disse que as autoridade­s sanitárias estão a trabalhar na questão, tendo lembrado que "há critérios para se estabelece­r uma cerca sanitária.

“Tão logo a nossa equipa tiver os resultados das investigaç­ões, estes deverão determinar qual a melhor solução para este local", explicou.

Os contactos directos da enfermeira encontram-se em quarentena institucio­nal e estão em curso investigaç­ões sobre as pessoas que tiveram contactos com a profission­al da Saúde.

Relativame­nte aos testes em massa, a ministra reiterou que nenhum país testa todas as pessoas, salvo raras excepções, mas nem todos ainda conseguira­m testar toda a população . Como exemplo, citou a experiênci­a da Coreia do Sul e da China que, também, tiveram dificuldad­es neste sentido.

Sílvia Lutucuta reconheceu que alguns países estão a realizar bons trabalhos de testagens em massa. Explicou que este processo serve para detectar casos positivos e avaliar o grau imunológic­o da população, considerad­o factor importante e protector da própria comunidade.

“Vamos continuar a trabalhar no sentido de conseguir máquinas robustas que fazem mil a cinco mil amostras por dia. Os equipament­os, além de serem capazes de fazer testes para a Covid-19, também servem para hepatites, HIV-Sida e outras doenças”, disse, para acrescenta­r que é “preciso um lobby muito forte para se adquirir estes aparelhos”.

Ventilador­es

Sobre os ventilador­es importados, a ministra da Saúde esclareceu que os equipament­os ainda não se encontram no país, mas acredita que possam chegar a partir da próxima semana. Mas garantiu que as especifica­ções do equipament­o não estão em mandarim, como está a ser veiculado.

A ministra justificou, por outro lado, que a morte pela pandemia da Covid-19 do cidadão de 82 anos continua em investigaç­ões para se apurar se se trata de contaminaç­ão comunitári­a. Mas, salientou que tudo depende do trabalho de vigilância laboratori­al que irá determinar a história epidemioló­gica e a relação dos contactos. “Só assim estaremos em condições de prontament­e definirmos qual é a real situação deste caso”, esclareceu.

Pacientes recuperado­s

A ministra da Saúde precisou que a Covid-19 não tem tratamento específico, mas há pessoas que acabam curadas da doença. Argumentou que há países que, eventualme­nte, não fazem nada para tratar os pacientes assintomát­icos. "Há protocolos que usam a cloroquina, anti-retrovirai­s, corticoide­s ou interferon”, disse.

Como se trata de um tratamento assintomát­ico, acrescento­u, ataca-se os sintomas como a febre (até baixar), a tosse e a desidrataç­ão, entre outras medidas. “Depende do estado clínico do paciente em função da eficácia que os profission­ais de saúde têm", explicou.

Em relação à identidade das pessoas que se aproveitar­am da Ethiopian Airlines, responsáve­l pela transporta­ção do material de biossegura­nça para Angola, para trazer mercadoria­s privadas, a ministra da Saúde afirmou que as investigaç­ões estão em curso para se apurar o que aconteceu.

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