Ausência de passageiros em Luanda
Uma ronda efectuada pela equipa de reportagem do Jornal de Angola mostrou que os serviços de táxi e mototáxi clamam por passageiros nos principais pontos da cidade de Luanda.
Na paragem do Zango, nos deparamos com Afonso Júnior, motorista de táxi há 14 anos. Disse que o Estado de Emergência veio diminuir o número de passageiros e o custo de vida subiu significativamente.
A rota que normalmente faz é da entrada do Zango até à vila de Cacuaco. O fluxo de passageiros a que estava habituado não é o mesmo. Por força do Estado de Emergência, algumas pessoas trabalham e outras não. Afonso Júnior referiu que, antes do Estado de Emergência, conseguia fazer 17 mil kwanzas por dia. Mas agora faz apenas oito mil.
Na zona do Zango 4, encontrámos o jovem José Cassoma, que faz serviço de moto-táxi há um ano. Revelou que, nesta altura, tem sido difícil conseguir clientes, por causa do controlo da Polícia Nacional.
“Sabemos que o Estado de Emergência proíbe os serviços de moto-táxis, mas é a nossa única forma de sobrevivência. Procuramos levar os passageiros com alguns cuidados, para evitar, ao máximo, o contacto. Antes, conseguíamos facturar três a quatro mil kwanzas por dia. Mas, nos últimos tempos, nem 1.500 fazemos”, lamenta o jovem.
José Cassoma acha que as pessoas também estão com medo de sair de casa para preservar a saúde. Referiu que a partir das 9 horas já não há clientes e os serviços param às 12H00. "Não adianta continuar a trabalhar sem clientes", disse.
Monteiro Caculo é trabalhador de um quiosque, em Viana, concretamente na paragem da Ponte Partida. Disse que, geralmente, chega ao local às 6H00. Para uma paragem que, normalmente, tem muitos passageiros, nos últimos dias, o fluxo diminuiu. O jovem acredita que a população começa a levar cada vez mais a sério a doença da Covid-19 e tem feito de tudo para evitar ser contaminado.