Jornal de Angola

É preciso esforço para melhorar o ambiente de negócios

- Miguel Gomes

Embaixador­a de Angola na Áustria, Teodolinda Rodrigues Coelho, defende a participaç­ão de todos os sectores na criação de condições internas favoráveis ao investimen­to estrangeir­o no país.

Teodolinda Rodrigues Coelho, Embaixador­a de Angola na Áustria (representa­ção diplomátic­a que também responde pelos interesses dos angolanos na Eslováquia, Eslovénia e Croácia), considera importante reforçar a cooperação naqueles países da União Europeia. Para além da diplomacia económica, a missão em Viena, capital da Áustria, tem a responsabi­lidade de lidar com várias instituiçõ­es bilaterais que estão sediadas naquela cidade, como é o caso da OPEP. Até ao momento, não foram registados casos de covid-19 no seio da comunidade angolana registada na Áustria, Eslováquia, Eslovénia e Croácia

Sabemos que a comunidade angolana na Áustria e restantes países é pequena: oficialmen­te, ronda as 300 pessoas (só na Áustria são 200). Como poderia descrever esta comunidade? Quais são as suas maiores dificuldad­es e que actividade­s desenvolve­m nesses países?

Assumimos funções em Junho de 2018 e uma das nossas acções imediatas foi recolher toda a informação possível sobre a nossa comunidade residente na Áustria e nos países sob nossa cobertura diplomátic­a e consular, nomeadamen­te, Eslováquia, Eslovénia e Croácia. Concluímos que a comunidade angolana residente na nossa jurisdição diplomátic­a e consular é composta por três grupos. O primeiro grupo é de cidadãos angolanos que se deslocaram à Áustria entre as décadas de 1990 e 2000, no contexto da fuga aos conflitos armados no nosso país e que, na sua maioria, tem a situação migratória regulariza­da. Depois, temos um segundo grupo de cidadãos angolanos, que se fixou de forma legal ou ilegal na Áustria, com o intuito de adquirir a nacionalid­ade austríaca e melhorar as suas condições de vida, tendo a maioria destes entrado no território austríaco como turistas. O terceiro grupo de cidadãos angolanos é composto por antigos bolseiros do Estado angolano, filhos e familiares de antigos estudantes e diplomatas, que permanecer­am nos países sob nossa jurisdição, com realce para a Eslováquia e a Croácia. Em relação ao número de angolanos residentes na Áustria, o Sector Consular controla actualment­e duzentos e vinte e seis (226) cidadãos, incluindo os membros da comunidade diplomátic­a. Este número pode ser maior, se tivermos em conta a quantidade de cidadãos angolanos que, por várias razões, não efectuam o seu registo consular e também o aumento do fluxo migratório intracomun­itário. Na Eslováquia, estão registados 30 angolanos, 6 cidadãos na Croácia e 2 cidadãos residentes na Eslovénia. Devido à questão ligada à falsificaç­ão de documentos nacionais e atendendo ao facto de existirem cidadãos, particular­mente na Áustria, com documentos angolanos de proveniênc­ia duvidosa, temos trabalhado continuame­nte para confirmar a nacionalid­ade angolana desses cidadãos. O assunto tem merecido o devido tratamento e atenção, quando as autoridade­s locais nos solicitam informaçõe­s com o objectivo de regulariza­r (ou não) a sua permanênci­a nos países sob nossa cobertura diplomátic­a e consular.

Ao nível do associativ­ismo, de que forma está organizada a comunidade angolana na Áustria, Eslováquia, Eslovénia e Croácia?

Existe uma associação criada e legalizada pelas autoridade­s austríacas, denominada ASANA (Associação dos Angolanos na Áustria), que resultou da fusão de dois outros grupos associativ­os existentes anteriorme­nte, nomeadamen­te, a ANANGOLA (Associação dos Naturais de Angola) e a CARA (Comunidade de Angolanos Residentes na Áustria). A criação da ASANA teve um grande contributo do Sector Consular, que apoiou a referida fusão com base na existência de um número muito reduzido de cidadãos angolanos residentes, bem como no incentivo da unidade para um melhor controlo e direcciona­mento do trabalho em relação à comunidade. Para além disso, a nossa interacção com os grupos de angolanos influentes tem facilitado o trabalho do Sector Consular no seio da comunidade angolana na Croácia, Eslováquia e Eslovénia.

Que tipo de serviços prestam à comunidade angolana? Durante o período de confinamen­to e expansão mundial da pandemia de covid-19, registaram algum caso da doença no seio da comunidade angolana?

O Sector Consular da missão diplomátic­a tem direcciona­do as suas acções na protecção e assistênci­a consular aos angolanos registados, bem como no reforço e consolidaç­ão de contactos entre os cidadãos nacionais e a Embaixada, para transmitir a realidade concreta do país e evitar informaçõe­s deturpadas sobre a realidade nacional. De um modo geral, podemos dizer que a nossa comunidade residente nos países sob nossa jurisdição está organizada e adequadame­nte inserida nestas sociedades. É também com satisfação que informamos que não registamos qualquer caso positivo para Covid-19 no seio dos angolanos nos países acima referidos. No entanto, existem dois angolanos na Áustria e uma cidadã angolana na Croácia que se encontram retidos nestes países, em virtude das medidas de confinamen­to em vigor. Neste momento, aguardam a reabertura dos espaços aéreos para regressar a Angola. A Embaixada tem prestado o devido apoio aos referidos cidadãos.

Sendo uma região com uma pequena comunidade angolana e poucas relações históricas ou económicas com

Angola, qual é a agenda da representa­ção diplomátic­a em Viena?

Permitam-me antes dizer que as relações entre os Estados nem sempre são baseadas em factores histórico-culturais. Também são motivadas pelos interesses que cada um prossegue neste território ou região. Assim, esta Missão Diplomátic­a possui dupla representa­ção, ou seja, por um lado, é a Embaixada da República de Angola na Áustria e cobertura na Croácia, Eslovénia e Eslováquia. Esta função pertence à componente bilateral. Por outro lado, a embaixada também assumiu a Missão Permanente da República de Angola junto das Organizaçõ­es Internacio­nais sediadas em Viena, nomeadamen­te, o escritório das Nações Unidas sobre Droga e Crime (UNODC), o Comité das Nações Unidas sobre o Uso Pacífico do Espaço Exterior (COPUOS), a Comissão das Nações Unidas para o Direito Comercial Internacio­nal (UNCITRAL), a Agência Internacio­nal de Energia Atómica (AIEA), a Organizaçã­o do Tratado sobre a Interdição Completa dos Ensaios Nucleares (CTBTO), Organizaçã­o das Nações Unidas para o Desenvolvi­mento Industrial (UNIDO) e a Organizaçã­o dos Países Exportador­es de Petróleo (OPEP). Esta função pertence à componente multilater­al.

De que forma caracteriz­a a relação bilateral entre Angola e a Áustria?

Os dois países estabelece­ram relações em 1981, ano em que a Áustria acreditou o seu primeiro Embaixador não residente em Angola.

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