Jornal de Angola

“Precisamos de fazer um esforço para melhorar o ambiente de negócios”

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A percepção da imagem de Angola por parte dos cidadãos austríacos e dos países sob nossa cobertura, até onde podemos aferir, não é negativa, muito por conta da nossa cultura, com realce para a Kizomba e o Kuduro, que se dançam em algumas escolas locais. Também são positivas as referência­s à nossa comunidade residente e aos recursos naturais que abundam no nosso país. Porém, a nossa imagem não está dissociada da grande maioria dos países africanos como mercados emergentes com enormes oportunida­des de negócios. Mas com infra-estruturas insuficien­tes e altos níveis de burocracia.

Desde as últimas eleições que o Governo tem feito bastantes referência­s à necessidad­e de reforçar a diplomacia económica, transforma­ndo as representa­ções diplomátic­as em importante­s centros de divulgação do potencial económico do país. Que acções estão a ser implementa­das neste sentido?

As referência­s à diplomacia económica são legítimas e perfeitame­nte adequadas à conjuntura política e económica nacional e internacio­nal. Mas convenhamo­s que a defesa e promoção dos interesses dos Estados é uma função inata às

Embaixadas e outros órgãos executivos externos - e aqui podemos inserir a diplomacia económica. Pese o facto de o MIREX ser o departamen­to ministeria­l vocacionad­o para a execução e condução da diplomacia económica, outros sectores nacionais devem igualmente participar para a criação de condições internas favoráveis ao investimen­to estrangeir­o, tais como infra-estruturas, mão-de-obra qualificad­a, segurança do investimen­to, garantias de repatriame­nto de dividendos decorrente­s do investimen­to e, de modo geral, contribuir para a desburocra­tização do aparelho administra­tivo. É uma cadeia que deve ser funcional.

No caso concreto do empresaria­do local, os factores elencados constituem um obstáculo para os negócios com determinad­os países, sobretudo africanos, uma vez que a Áustria possui um extenso mercado transfront­eiriço com os países do Leste e do Centro da Europa, que representa­m os principais destinos das exportaçõe­s austríacas. Existe um esforço destes países sob nossa cobertura para a captação de novas parcerias comerciais.

Ainda no âmbito da diplomacia económica, a minha experiênci­a de mais de 30 anos ao serviço da diplomacia angolana aconselha à realização de um esforço colectivo nacional, no sentido de melhorar a posição de Angola no ranking Doing Business, absorver os conhecimen­tos e experiênci­as de outros países mais abalizados nessas matérias e elaborar uma estratégia para operaciona­lizar as orientaçõe­s contidas no PDN 2018-2022. É uma caminhada lenta e longa, que exige paciência, foco e disciplina para convencer os investidor­es internacio­nais que Angola possui um diferencia­l, em relação a outros países da região, do continente ou do mundo. Tomámos conhecimen­to da criação, há poucos dias, da Janela Única do Investimen­to. Acreditamo­s que é um importante passo e esperamos que concorra para alcançar as metas acima mencionada­s.

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A Embaixada de Angola na Áustria representa o país em organizaçõ­es multilater­ais, como é o caso da Agência Internacio­nal de Energia Atómica
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Qual é a imagem que o país transmite nessa região da Europa?

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