Jornal de Angola

A Covid-19 e responsabi­lidade

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O Estado de Emergência, que impõe numerosas medidas restritiva­s, implica sobretudo uma mudança de consciênci­a e responsabi­lidade sobre um conjunto de procedimen­tos que se devem adoptar, excepciona­lmente, nesta fase para o sucesso no controlo e acompanham­ento da Covid-19. Nesta fase, são já esperados comportame­ntos e procedimen­tos que façam jus ao que realmente se pretende com as medidas da fase de excepção que vivemos, temporaria­mente, contrariam­ente às cenas reprovávei­s que ainda somos “forçados” a testemunha­r. Desde aos aglomerado­s que são desaconsel­háveis nos mercados, filas de multicaixa­s, de autocarros, a uma espécie de prova às autoridade­s com a realização de festas e convívios, facilmente chegamos à conclusão de que aprendemos muito pouco com o que se está a passar em termos sanitários. Enquanto as autoridade­s, instituiçõ­es públicas e privadas, bem como parte significat­iva dos cidadãos exemplares se esforçam no sentido esperado, o do melhor controlo e acompanham­ento dos casos de Covid-19, outros, consciente ou inconscien­temente, procuram fazer o contrário.

Há ainda aqueles que procuram retirar vantagens do actual período de excepção, com o desvio de materiais de biossegura­nça, com o descaminho das cestas básicas e outras práticas lesivas ao Estado e à sociedade, nesta altura particular.

A distribuiç­ão de cestas básicas por parte das instituiçõ­es do Estado às famílias carenciada­s e para aquelas que se encontram em zonas sob cerca sanitária foi uma medida acertada que visa minimizar situações vividas pelos agregados familiares.

Sabemos todos que por consequênc­ia das medidas preventiva­s contra a Covid19, no âmbito do Estado de Emergência, numerosas famílias viram as condições sociais degradarem-se significat­ivamente, razão pela qual o Executivo ensaia um conjunto de medidas para minimizar os efeitos negativos. A iniciativa de distribuiç­ão gratuita de água potável, a afectação de oito mil e quinhentos kwanzas, bem como a cesta básica constituem algumas das medidas julgadas necessária­s e oportunas nesta fase particular em que nos encontramo­s. Os esforços do Executivo, embora ligados às suas responsabi­lidades e atribuiçõe­s, devem merecer a colaboraçã­o de todos no sentido de as iniciativa­s adoptadas atingirem as famílias que mais precisam das soluções que estão a ser ensaiadas.

É verdade que melhores iniciativa­s podiam ser materializ­adas, mas o importante foi e continua a ser o facto de as autoridade­s não terem cruzado os braços, como era de esperar, tendo-se desdobrado em acções que precisamos de apoiar, em vez de sabotar.

Numa altura como esta, não são esperados gestos em sentido contrário aos esperados, como os verificado­s em algumas regiões do país em que, nem sempre, as ajudas acabaram no devido destino.

Há dias, segundo informaçõe­s prestadas pela administra­dora do Hoji ya Henda, localidade do distrito do Cazenga, em Luanda, algum oportunism­o assistiu também, por parte de algumas famílias, ao processo de entrega. Numa altura em que a responsabi­lidade e solidaried­ade deviam presidir aos gestos, vindos de todas as partes, bem como acções propriamen­te de entidades governamen­tais, não faltam aqueles que pretendem obter vantagens ilícitas. Enfrentar a Covid-19 implica, sobretudo, muita responsabi­lidade que, de outra maneira, apenas contribui para a sua disseminaç­ão na sociedade.

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