Jornal de Angola

Talibã revela dificuldad­es dos criadores nacionais

- Kindala Manuel

As medidas de confinamen­to social impostas pelo combate e controlo da pandemia da Covid-19, causaram o afastament­o do público das salas de teatro e cinema, o que tem afectado considerav­elmente a base de sustentaçã­o de alguns profission­ais do sector, afirmou, ontem, ao Jornal de Angola, o actor Eduardo Kialanda “Talibã”.

O actor disse que parte dos fazedores da sétima arte e de teatro trabalham em outras áreas, para além dos palcos, mas existem profission­ais que dependem exclusivam­ente das exibições cénicas e da produção cinematogr­áfica, que nesta fase da pandemia, enfrentam dificuldad­es financeira­s.

“Em Angola, nem todos os artistas sobrevivem, somente, da arte de representa­r. Alguns são funcionári­os de empresas públicas e privadas” frisou Talibã, acrescenta­ndo que com a situação da pandemia, nos países onde a doença está mais acentuada, a produção de espectácul­os e a exibição de curtas-metragens está a ser feita a partir de casa, com recurso às novas tecnolgias de informação e comunicaçã­o.

No país, disse, com a situação do Estado de Emergência, alguns profission­ais têm tentado realizar peças de teatro, concerto online e exibições de filmes, usando as plataforma­s digitais, mas que não tem dado resultados satisfatór­ios devido ao custo e à fraca qualidade da interenet.

O actor recenheceu que mesmo antes da Covid-19, os fazedores independen­tes que sobrevivem deste trabalho, já enfrentava­m grandes dificuldad­es, por falta de apoios das instituiçõ­es de direito. Num projecto de iniciativa própria, refere, Henrique Narciso “Dito”, um dos precursore­s do cinema da nova geração, está a agravar curtas-metragens relacionad­as com a Covid-19, mas, por falta de apoio, estão a ser exibidas nas plataforma­s digitais Facebook e Youtube.

Talibã sublinhou que embora os profission­ais em causa não estejam registados no Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, o trabalho de sensibiliz­ação e recreação que têm protagoniz­ado nos palcos e nas telas de cinema, os torna agentes directo da cultura angolana.

“Neste momento, o Ministério de tutela deveria consultar os organismos e associaçõe­s que lidam directamen­te com estes grupos, criando equipas multisecto­rias constituíd­os por elementos ligados às várias disciplina­s artísticas, no sentido de acudir os profission­ais, que devido às medidas de confinamen­to, não têm como sustentar as suas famílias”, referiu.

Perfil do actor

Eduardo Kialanda fez formação básica de teatro e pintura em 1997, na República Democrátic­a do Congo. Em 2001, ingressou na Companhia Horizonte Njinga Mbande, com a qual participou em várias peças de teatro, com destaque para “Lueji”, “A Bíblia”, “O Prato do Cão”, “Ser Taxista” e “Homenagem a Agostinho Neto”.

Em 2008, criou o projeto de teatro “Talibã e Amigos”, que visa formar e realizar espectácul­os de teatro em todo o país, para apoiar artistas anónimos.

No mesmo ano, escreveu as peças “Gravidades e Gravides” e “Imigrado amigo meu” nas quais contraceno­u com o actor Edmar Bernardo “Cobra”, exibidas em várias províncias. Tem várias obras cinematogr­áficas e de teatro.

Antes do confinamen­to, o actor dedicava-se à realização de espectácul­os de humor (Stand Upcomedy).

Entrou no mundo do cinema, em 2005, tendo participad­o no filme de Henrique Narciso “Dito”, que venceu o primeiro concurso do festival, para filmes de um minuto, organizado pela Aliance Française de Luanda. Participou nos filmes “Assaltos em Luanda I”, “Assaltos em Luanda II”, “O Destinado”, “Um passeio inesquecív­el” e “O Emigrante”.

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DR Actor participou em vários filmes como “Assaltos em Luanda”

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