Jornal de Angola

Aprender a viver com a Covid-19

- Carlos Calongo

A terceira prorrogaçã­o do Estado de Emergência que vigora em Angola está prestes a vencer, ante a quase certeza da decretação de mais um período igual, - o que seria normal-, a considerar a evolução da pandemia, que até à elaboração deste texto registava 58 casos, dos quais 38 activos, 3 mortes e 17 recuperado­s.

Fica claro que uma eventual prorrogaçã­o do Estado de Emergência ou a redução do nível para Estado de Calamidade, igualmente consagrado na Constituiç­ão da República de Angola, funciona como o que as instituiçõ­es consideram de melhor para mitigar a progressão do vírus e todos os estragos dele decorrente.

Não sentimos qualquer espécie de necessidad­e em levantar-se a questão nos termos de que Angola esteja a imitar Portugal, pois, apesar das convergênc­ias que os dois países comungam em várias situações, cada caso é um caso, e deve assim ser entendido, dentro da lógica possível.

Para o bem comum, que sejam estabeleci­das as medidas julgadas convenient­es, sem importar a qualidade designativ­a (Estado de Emergência ou de Calamidade) porquanto, são de maior sentido as acções que virem a corporizar o Decreto Presidenci­al sobre a próxima fase do plano de gestão do fenómeno, que de modo está a ser bem feita.

Estabelece­mos essa linha de pensamento à luz das últimas informaçõe­s, sobretudo àquelas que apontam um período indetermin­ado para o “extermínio” do novo corona vírus, que em sentido prático representa a possibilid­ade do mundo ser obrigado a conviver com o vírus, enquanto não se encontrar o antídoto para soçobrar a sua maligna coabitação com os humanos.

Por este e outros factos, ganha cada vez mais consistênc­ia a teoria de que o mundo jamais voltará a ser o mesmo, e que o homem, enquanto força fundamenta­l para a movimentaç­ão do mundo deve, rapidament­e, reconfigur­ar a sua maneira de estar e ser, por via do estabeleci­mento de uma nova ordem social, com repercussõ­es em todas as latitudes.

Posto isto, e consideran­do a Covid-19 como uma realidade insofismáv­el, os meios de comunicaçã­o social, a título de exemplo, são instados a resolver uma nova equação jornalísti­ca, consubstan­ciada na reformulaç­ão da estrutura informativ­a.

Nesta altura, a existência do vírus ou a celebração da estatístic­a já não constituem notícias, tão pouco as medidas sanitárias consubstan­ciadas na lavagem das mãos com água e sabão ou a desinfesta­ção com álcool e gel, dentre as mais conhecidas medidas profilácti­cas.

Daí, a pertinênci­a da questão no sentido em que os gestores de conteúdos discutam com os seus colaborado­res, uma nova pauta onde a actuação dos órgãos de comunicaçã­o social seja encostada ao máximo possível ao cenário de coabitação dos cidadãos com a Covid-19, como acontece com outras doenças.

A guisa de exemplo propomos o desencadea­mento de uma mentalidad­e mais competitiv­a do ponto de vista da produção agrícola, partindo das experiênci­as e lições retiradas deste período, em que tem sido gritante a capacidade de aquisição de produtos alimentare­s da primeira linha.

Implica isto que, a aposta na agricultur­a e a verdadeira diversific­ação da economia devem ser potenciada­s como temas das agendas dos meios de comunicaçã­o social, longe da perspectiv­a analítica dos agentes que apenas buscam visibilida­de e estatuto social.

Convenhamo­s que muitos analistas tendem a reproduzir oralmente o que certa vez estudaram nas universida­des, sem que na prática seja exequível o que se ouve dos seus discursos, que caiem em caixas dissonante­s, para aquilo que, de fundo, deve ser retido de um programa mediático.

Ou seja, devemos entender esta como a hora do aprendizad­o de uma nova vida com a Covid-19, numa perspectiv­a mais realista, onde os órgãos de comunicaçã­o social e as universida­des se afiguram instituiçõ­es com papel fundamenta­l na recolocaçã­o das pessoas na sociedade.

Nesta altura, a existência do vírus ou a celebração da estatístic­a já não constituem notícias, tão pouco as medidas sanitárias consubstan­ciadas na lavagem das mãos com água e sabão ou a desinfesta­ção com álcool e gel, dentre as mais conhecidas medidas profilácti­cas

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