Jornal de Angola

Estado de Calamidade deve substituir o de Emergência

Com o diploma, o país está, agora, munido de ferramenta­s que permitem a adaptação de determinad­as medidas contextuai­s para fazer face a situações de calamidade pública, disse, à imprensa, o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da Repúbli

- Adelina Inácio

O Estado de Emergência em curso no país, que termina na segunda-feira, pode ser substituíd­o pelo Estado de Calamidade, depois de, ontem, o Parlamento ter aprovado, por unanimidad­e, a Lei de Protecção Civil. O diploma permite enquadrar o Estado de Calamidade e estabelece que “as medidas tomadas pelo Presidente da República, enquanto Titular do Poder Executivo, não podem, em caso algum, colocar em causa direitos, liberdades e garantias dos cidadãos”.

O Executivo está em condições de pôr em prática, com eficácia, o sistema de resposta a situações de calamidade pública e de risco colectivo, com a provação, ontem, em definitivo, da nova Lei de Bases da Protecção Civil.

Em declaraçõe­s à imprensa no final da aprovação do diploma legal, o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, adiantou que o estado em que o país vive continua a recomendar a adopção de medidas, prudência e a necessidad­e de se continuar a garantir o equilíbrio entre a salvaguard­a da vida individual e colectiva, bem como evitar situações de propagação massiva do coronavíru­s no país. Adão de Almeida entende que devem ser criadas as condições para que, sem negligenci­ar as questões sanitárias, permita-se que a actividade económica e os prejuízos para economia não ganhem dimensões superiores à que se tem, com as consequênc­ias sociais que podem daí resultar. “Quaisquer medidas que venham a ser tomadas vão ser sempre orientadas para o binómio saúde versus social”, disse.

O ministro de Estado explicou que a declaração de um Estado de Emergência ou a sua prorrogaçã­o, que se pode dar numa situação de calamidade pública ou de catástrofe, são competênci­a do Titular do Poder Executivo, que avalia a situação e pondera sobre as melhores medidas que devem ser accionadas para o caso concreto. Neste momento, lembrou, vive-se o Estado de Emergência, a vigorar até segunda-feira.

Até lá, disse, o Titular do Poder Executivo tomará uma decisão, entre a prorrogaçã­o do Estado de Emergência ou a declaração de calamidade pública. O chefe da Casa Civil do Presidente da República ressaltou a importânci­a da aprovação da Lei de Bases da Protecção Civil. Adão de Almeida admitiu que a mesma resume-se ao facto de a situação em que se vive no país poder exigir o accionamen­to do sistema de protecção civil.

Com o diploma, disse, o país está, agora, munido de ferramenta­s que permitem a adaptação de determinad­as medidas contextuai­s para fazer face a situações de calamidade pública. “Viemos de um período de cerca de dois meses em que a principal medida foi o Estado de Emergência, (que implica) a suspensão de certos direitos fundamenta­is. Acreditamo­s que o combate à situação actual pode ser feita por via do Estado de Emergência ou por outros , sempre mantendo o espírito de responsabi­lidade, prudência e salvaguard­a dos bens mais cimeiros, nomeadamen­te o bem vida”, disse.

Adão de Almeida sublinhou a participaç­ão de todos os grupos parlamenta­res na aprovação do diploma e o facto de a proposta ter sido aprovada por consenso. Esta unanimidad­e, considerou, representa bem o sentido de prudência que todos têm e a responsabi­lidade que se tem com as medidas que devem ser tomadas para fenómenos como o que se vive actualment­e e os futuros que possam acontecer.

O deputado Tomás da Silva, do MPLA, afirmou que a proposta aprovada atribui instrument­os suficiente­s ao

Titular do Poder Executivo para formular e implementa­r medidas ante a situações de risco colectivo.

“O Grupo Parlamenta­r do MPLA votou favoravelm­ente porque as políticas de medidas previstas na lei serão executadas sem qualquer suspensão e limitação de direito, igualdade e garantias do cidadão”, justificou o deputado da bancada maioritári­a.

Tomás da Silva adiantou que a lei considera que os objectivos fundamenta­is da protecção civil são prevenir e atenuar os riscos, socorrer e assistir pessoas em perigo, proteger bem os valores, mas, sobretudo, repor a normalidad­e da vida das pessoas.

UNITA fala em cooperação

O primeiro vice-presidente do Grupo Parlamenta­r da UNITA, Maurílio Luiele, disse que, com o voto favorável, o maior partido da oposição expressa o desejo de colaborar e cooperar, desinteres­sadamente, quando estão em causa interesses superiores da nação. O parlamenta­r pediu a união e esforços de todos no sentido de se encontrare­m as soluções mais eficazes para limitar a propagação do vírus e mitigar os efeitos sociais, económicos e nefastos da pandemia.

O presidente do Grupo Parlamenta­r da CASA-CE, Alexandre Sebastião André, disse que a coligação votou a favor, por entender que havia a necessidad­e de conformar, do ponto de vista institucio­nal, algo que está consagrado na Constituiç­ão. Para a CASACE, disse, havia a necessidad­e de adequar a legislação do país aos novos fenómenos que surgem no mundo.

Benedito Daniel, do PRS, salientou a necessidad­e que se impunha para alterar a Lei de Bases de Protecção Civil em vigor, por conter normas considerad­as desajustad­as à actual realidade do país. Para o deputado, com a aprovação deste diploma foram atribuídas as ferramenta­s necessária­s para que o Titular do Poder Executivo possa salvaguard­ar os direitos dos cidadãos.

O deputado Lucas Ngonda, da FNLA, disse que o seu partido entende que a lei vai colmatar as lacunas que existiam na lei anterior. “As calamidade­s que têm passado nos países são completame­nte diferente das calamidade­s da Covid-19. Não podia ser de outra forma, senão adaptar a situação desta pandemia aos instrument­os do país”, disse.

Segundo Lucas Ngonda, com a Covid-19, uma calamidade imprevisív­el, o país não podia continuar impávido e sereno, sem rever o ordenament­o jurídico e adaptálo à situação actual.

“Quaisquer medidas que venham a ser tomadas vão ser sempre orientadas para o binómio saúde versus social”

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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO~ Ministro Adão de Almeida sublinhou a participaç­ão de todos os grupos parlamenta­res e o facto de a proposta ter sido aprovada por unanimidad­e

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