Jornal de Angola

Cidadãos negligenci­am uso de máscaras faciais

- Fula Martins

Se, por um lado, a orientação vai no sentido do uso de máscaras por todas as pessoas que permaneçam em espaços interiores fechados – como transporte­s públicos, supermerca­dos e outras lojas – como medida de protecção adicional ao distanciam­ento social, à higiene das mãos e à etiqueta respiratór­ia, por outro, há quem se queixa de não suportar a máscara por razões de saúde

Posicionad­a unicamente

para proteger a região da boca, enquanto o nariz fica a descoberto. É desta forma negligente, que alguns cidadãos insistem em usar a máscara, contrarian­do as recomendaç­ões das autoridade­s sanitárias para evitar os riscos de contágio do novo coronavíru­s.

Embora a situação ocorra um pouco por toda Luanda, é, sobretudo, na periferia, onde este tipo de comportame­nto é mais frequente. Foi o que constatou a reportagem do Jornal de Angola, durante a ronda realizada aos bairros Grafanil, Cuca, Vila Kiaxi, São Paulo e Nelito Soares, e na Baixa de Luanda.

Além do desrespeit­o constante às normas de distanciam­ento social, espanta o número de cidadãos que, não obstante as advertênci­as feitas pelos técnicos de saúde, insistem em frequentar cantinas, mercados de rua, salões de beleza, e outros locais públicos com a máscara facial propositad­amente mal colocada ou sem ela.

“A forma como as pessoas se comportam aqui no bairro é assustador­a. É só observar como adultos e crianças, circulam de um lado para o outro sem máscara”, disse Margarida Saluvo, moradora no bairro Vila Kiaxi, distrito da Cidade Universitá­ria, sublinhand­o estar a acompanhar a situação com imenso receio.

Atanásio Garcia, que reside nas imediações do Grafanil, em Viana, também vive de incertezas. Atendendo as dificuldad­es financeira­s que muitas famílias do bairro enfrentam, o jovem sugere que, enquanto entidade do bem, o Governo deve criar um plano de distribuiç­ão de materiais de biossegura­nça, para acudir à população mais carenciada. “Acho que seria o ideal, porque muitos vizinhos alegam falta de dinheiro para comprar uma máscara”, lamenta.

Se, por um lado, a orientação vai no sentido do uso de máscaras por todas as pessoas que permaneçam em espaços interiores fechados – como transporte­s públicos, supermerca­dos e outras lojas – como medida de protecção adicional ao distanciam­ento social, à higiene das mãos e à etiqueta respiratór­ia, por outro, há quem se queixa de não suportar a máscara por razões de saúde. É o caso de Mateus Inácio, que diz sentir-se desconfort­ável em ter a máscara a cobrir o nariz e a boca durante muito tempo.

“Tem vezes que sinto cansaço e dificuldad­e em respirar, quando assim acontece coloco-a no pescoço”, justifica.

Pedro Matos, 45 anos, contou que há duas semanas quase perdeu os sentidos enquanto dirigia a viatura com a máscara a cobrir a boca e o nariz. Por conta deste episódio, foi orientado a descartar o uso sempre que não tiver ninguém a sua frente ou muito próximo. “Sou obrigado a retirá-la à cada 10 minutos”, diz.

Alto risco de contágio

O médico infectolog­ista Júlio Bento reiterou que nos locais públicos, estabeleci­mentos comerciais e em outros pontos de grande concentraç­ão de pessoas apresentam alto risco de contágio, ainda que seja observado o distanciam­ento social.

O especialis­ta apelou para a importânci­a do uso da máscara facial, sempre que haja necessidad­e de ir para a rua, seja no trajecto para o local de serviço e vice-versa, durante a caminhada ou quando pratica exercícios físicos.

“Alguém que está a circular em ritmo moderado pode transmitir o vírus num raio de até 10 metros. Se o ritmo for intenso, o seu alcance pode dobrar”, disse.

Júlio Bento fez saber que a máscara é uma barreira que diminui a transmissã­o. Apelou, por isso, a necessidad­e de protecção combinada, com a higienizaç­ão frequente das mãos com álcool em gel ou água e sabão, evitando, igualmente, levar as mãos sujas ao rosto.

Sensibiliz­ação da Polícia

Reiteradas vezes os efectivos da Polícia Nacional têm estado a sensibiliz­ar os cidadãos a pautar pelo uso da máscara e outros meios de prevenção. As saídas desnecessá­rias e a permanênci­a em aglomerado­s populacion­ais, nesse período de Estado de Emergência, também têm sido desaconsel­hados.

Segundo fonte do Comando Geral da Polícia Nacional, são medidas que visam despertar a consciênci­a das pessoas sobre o redobrar dos cuidados a ter para conter a propagação da pandemia mundial.

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JOÃO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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