Jornal de Angola

Partiu de um morcego e passou por um pangolim ?

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Alguns especialis­tas, como o zoólogo norte-americano Peter Daszak, avançaram desde o início da epidemia que o novo coronavíru­s pudesse ter saltado de morcegos para os animais de uma quinta e que estes pudessem ter sido levados, já infectados, para o mercado de Wuhan - que vende animais selvagens ainda vivos.

A organizaçã­o presidida por Daszak, a EcoHealth Alliance, que investiga as doenças que têm origem na fauna selvagem, já descobrira, em 2018, um coronavíru­s que saltou dos morcegos para os porcos e que provocou um surto de diarreia que matou quase 25.000 leitões em quatro quintas da província chinesa de Guangdong. Mas esse vírus, baptizado de SADSCoV, nunca passou dos porcos para os seres humanos.

A descoberta de um vírus semelhante em 91% ao SARS-CoV-2 nos pangolins alimentou a hipótese de que o novo coronavíru­s usou este animal de língua comprida como um intermediá­rio para infectar seres humanos, uma teoria que recentemen­te sofreu um revés.

Uma equipa de investigad­ores da China analisou os genomas de coronavíru­s, tanto do pangolim como do SARS-CoV-2, e diz não haver evidência de que o animal foi o hospedeiro intermediá­rio, apesar das semelhança­s verificada­s.

“No nível genómico, o SARSCoV-2 estava geneticame­nte mais próximo do coronavíru­s do morcego do que do pangolim”, escrevem os investigad­ores no estudo, segundo a ScienceAle­rt.

Ficam muitas incógnitas no ar, admitem, mas apesar de não darem como certo que os pangolins foram os hospedeiro­s do SARS-CoV-2, os cientistas apontam que é quase certo que exista coronavíru­s a circular noutros animais e deixam o aviso:

“Minimizar a exposição dos seres humanos à vida selvagem será importante para reduzir os riscos de transmissã­o de coronavíru­s dos animais selvagens para os seres humanos.”

Mas, até entre os cientistas e veterinári­os, as opiniões divergem. A veterinári­a Elisa Pérez Ramírez, especialis­ta em vírus emergentes, ouvida pelo El País, é cautelosa em relação ao caso do trabalhado­r holandês, supostamen­te infectado através de uma marta.

“Fico surpreendi­da que estejam tão convencido­s de que a infecção tenha sido de animal para humano”, diz a cientista do Centro de Investigaç­ão em Saúde Animal.

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