Francisco da Cruz fala do contributo de África
O continente permanece firme e engajado no cumprimento das responsabilidades na arena internacional e a contribuir no combate à Covid-19, afirmou Francisco da Cruz, representante permanente de Angola junto da União Africana.
“Continuamos empenhados em fazer face aos multifacetados desafios que o continente e os povos vivem, face às mudanças sociais, económicas e políticas em África e no mundo”, disse o também embaixador de Angola na Etiópia, durante uma palestra promovida pelo Ministério das Relações Exteriores, por ocasião do Dia de África, assinalado na segunda-feira.
O diplomata, que falava sobre o contributo da União Africana no combate à Covid19, alertou as autoridades africanas para um eventual cenário de agitação social, em particular nas cidades com aglomerados populacionais e em zonas de acentuada pobreza e défice de condições sanitárias. “Alguns Estados já registaram casos de vandalismo provocados por pessoas em busca de alimentos”, sublinhou.
Numa fase em que as economias continuam a ser limitadas, os Estados devem estar preparados para viver um período de grandes desafios, nomeadamente a falência de empresas e desemprego, defendeu. Francisco da Cruz destacou, também, que a pandemia vai testar, seriamente, as elites políticas e a governação em África. “Espera-se que a Covid-19 venha a dar convulsões governativas e agravar os principais desafios, como a fome e a pobreza, bem como desencadear crises de pagamentos da dívida e aumentar tensões entre cidadãos e as forças de segurança”, alertou.
Segundo o embaixador, devido às implicações do novo coronavírus, a agenda da União Africana poderá estar condicionada, nos próximos tempos, por questões de paz e segurança, para tentar dar respostas às crises políticas e militares de alguns países, cujas probabilidades de propagação do terrorismo encontrarão um ambiente fértil.
No entender de Francisco da Cruz, isso também pode constituir preocupação e atenção a um possível ressurgimento de grupos interessados em assumir o poder por meio da forçaeatropelodasconstituições e dos princípios da União Africana sobre alternância política, consagrados na Carta Africana sobre Democracia, Eleições e Boa Governação.
Sem recursos suficientes para adoptar medidas orçamentais para mitigar as carências sociais e reanimar a economia, sublinhou, aumenta a preocupação dos governos com a possibilidade de a estabilidade social ser posta em causa por jovens que não conseguem ganhar a vida.