País deve apostar forte no sector agro-pecuário
O ‘think tank’ CEDESA Pesquisa e Análise Independente considera a agro-pecuária “uma das apostas mais rentáveis” para o investimento em Angola e propõe um plano para o desenvolvimento acelerado do sector.
“Um dos sectores mais promissores e com mais potencial é o agro-pecuário. Há neste momento uma conjugação de factores que o tornam uma das apostas mais rentáveis para o investimento em Angola”, refere o grupo de académicos angolanos e portugueses que compõe aquela entidade num relatório divulgado ontem pela Lusa.
Trata-se, segundo os investigadores, de um sector em queAngola“temmaisvantagens competitivas para diversificar a economia, podendo transformar-se no novo ‘petróleo’”.
Para que assim seja, “é fundamental” seguir um plano de desenvolvimento, em que “o Estado tem um papel de impulsionador e o sector privado, nacional e estrangeiro, será o grande actor, a par com os pequenos agricultores”, refere o documento.
A primeira regra fundamental para que esta estratégia funcione é a “definição clara e garantida por lei dos direitos de propriedade de cada um ou em caso de propriedades colectivas ou pertencentes a aldeias ou clãs, a sua especificidade e atribuição transparente de direitos e deveres”.
A segunda é a adaptação da máquina administrativa “com a abolição de obstáculos administrativos e burocráticos associados ao registo e emissão de licenças comerciais”.
O plano, apresentado no documento, prevê o cultivo de 836.866 hectares e 3,9 milhões de hectares para pastagens, com uma produção adicional no valor de 2,5 a quatro mil milhões de dólares.
O desenvolvimento deste plano passa por três eixos: privatização, agricultura familiar e a constituição de grandes fazendas.
O “sucesso do plano” implica a diversificação económica do país, totalmente dependente do petróleo, a criação de novos empregos e negócios, a fixação de populações rurais e qualificação da mão de obra, o que implica menor êxodo rural e consequente diminuição da pressão sobre a infra-estrutura urbana.
Para inverter a balança comercial no que diz respeito à carne, será necessário introduzir 3,8 milhões de cabeças de gado, com genética vocacionada para pastagens tropicais e boas taxas reprodutivas no clima tropical.
Para atender à actual procura de leite, Angola precisa de 56 fazendas com capacidade de produção de 10 mil litros dia cada, com produção intensiva, numcustoestimadoporfazenda de seis milhões de euros, num total de investimento de 385 milhões de dólares.
No que respeita à carne de frango, a mais consumida em Angola, com um consumo de 8,3 kg/habitante/ano, para suprimir as importações, o país precisa de abater 448.025 frangos por dia, com uma estrutura de criação de 2400 naves de 800 metros quadrados para criação, fábrica de ração e matadouros montados.
Ora, até ao momento, o sector da produção alimentar “não tem tido especial peso no PIB angolano, (...) razão pela qual o seu potencial de crescimento é enorme”.
“Angola é um dos países do mundo com maior potencial na agricultura, dispondo de mais de 40 milhões de hectares de terras aráveis, abundantes recursos hídricos e energia radiante ao longo de todo o ano”, lê-se no relatório.