Comissão da Verdade agitou as águas
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) foi criada pelo Governo de Dilma, em Maio de 2012, com o propósito de investigar as violações dos direitos humanos no Brasil e as perpetradas no exterior por agentes ao serviço do Estado brasileiro, entre 18 de Setembro de 1946 e 5 de Outubro de 1988, com maior incidência para as violações ocorridas durante o período da ditadura militar (19651985). A comissão, composta por sete membros nomeados pela presidente - ela própria vítima de prisão e tortura teve o apoio de uma vasta equipa de assessores, consultores e pesquisadores e ouviu centenas de testemunhas, entre ex-presos políticos e familiares de mortos e desaparecidos - foram identificados 434 casos de pessoas mortas ou desaparecidas. No relatório das conclusões, apresentado em Dezembro de 2014, havia o reconhecimento por parte das Forças Armadas da sua responsabilidade institucional por graves violações dos direitos humanos durante a ditadura militar, e houve, depois, a publicação de uma lista de militares envolvidos, o que caiu muito mal e abriu a porta às questões delicadas que a Lei de Amnistia de 1979 (às vítimas de crimes de violações de direitos humanos e os agentes de Estado responsáveis por esses crimes), quis diluir.
Dilma ainda tentou a revogação parcial desta lei, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) não o permitiu. Aliás, a aprovação da Comissão da Verdade pelo Congresso brasileiro só aconteceu após uma longa e delicada negociação de bastidores com os militares, que exigiram que a comissão não tivesse poder judicial, isto é, não fosse dotada de poder para julgar e condenar os agentes do Estado acusados de violação dos direitos humanos. Mas houve uma lista, e isso voltou a agitar seriamente os militares. Entretanto, o Brasil é anfitrião da ‘Copa’ do Mundo de Futebol (2014) e dos Jogos Olímpicos (2016) e as Forças Armadas, a par da Polícia Nacional, ocupam o lugar prioritário na segurança do Estado e estão de novo na primeira linha.