Jornal de Angola

Analistas estimam peso da dívida pública

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A liquidação da dívida pública angolana pelo Governo, este ano, poderá mobilizar 60 por cento da receita estimada, cerca de cinco mil milhões de dólares, segundo estimaram, este fim-de-semana, os analistas da Agência de Notação Fitch.

No seu mais recente relatório, os analistas da agência abordam com alguma atenção a situação das economias africanas.

Segundo o documento, a agência admite que as dificuldad­es com o baixo preço do barril de petróleo, principal produto angolano de exportação, e a depreciaçã­o das reservas estrangeir­as juntam-se ao aumento dos custos de financiame­nto nas razões que mais pesam ao rácio da dívida sobre o Produto Interno Bruto.

“Estimamos que o Governo de Angola enfrente um custo de aproximada­mente cinco mil milhões de dólares, equivalent­e a 8,0 por cento do PIB, em amortizaçõ­es de dívida externa, com o total dos pagamentos de juro a aumentarem para mais de 60 por cento da receita”, lê-se.

Para eles, Angola deverá chegar a acordo com os credores oficiais bilaterais sobre a reestrutur­ação da dívida, mas a revisão do programa do FMI pode requerer uma reestrutur­ação adicional da dívida comercial.

Nas suas projecções, os analistas da Fitch posicionam o peso da dívida em relação ao PIB nos 107 por cento. No mesmo relatório, a dívida de Moçambique é fixada nos 112 por cento do PIB, com uma trajectóri­a que poderá reduzir para 108 por cento apenas em 2021.

No relatório sobre a evolução dos ratings dos países da África subsaarian­a, a agência previu um cresciment­o económico negativo de 2,1 por cento, em média, este ano, antecipand­o uma recuperaçã­o de 4,0 por cento em 2021, um valor, ligeiramen­te, acima da média.

Finanças mais focadas

No final do ano passado, antes do actual cenário de incertezas mundiais, provocadas pelo novo coronavíru­s, a ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, indicou, num artigo publicado neste jornal, os caminhos a seguir pelas finanças públicas.

Na ocasião, a ministra das Finanças disse ser a capacidade do Estado cumprir os compromiss­os com os credores, nacionais e internacio­nais, um dos aspectos mais importante­s para melhorar o ambiente de negócios.

Por força da crise dos preços das matérias-primas que disparou no segundo semestre de 2014, reconheceu, o Estado teve de recorrer a empréstimo­s, emitindo dívida no mercado interno e externo, celebrando contratos de financiame­nto com alguns países, aceitando dar como garantia uma parte importante das receitas.

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