Presidentes fracos apoiam-se nas Forças Armadas
“Hierarquia e disciplina sãofundamentais para as Forças Armadas, um oficial na reserva ainda está emocionalmente ligado aos valores do Exército”, defende o politólogo, daí que, política e culturalmente, esta ideia é favorável ao Presidente Bolsonaro. Dificilmente terá um ministro militar a contraditar o Comandante-em-Chefe das Forças Armadas, pelo menos abertamente. O que não é necessariamente bom para a governação, porque um Presidente comete erros e é importante que um ministro os sinalize.
Hoje o Presidente Bolsonaro, a quem alguém já se referiu como “um Napoleão no hospício”, enfrenta uma situação muito difícil, tanto no plano interno – pandemia, colapso da economia e eventual impeachment, questões legais que envolvem os filhos -, como no plano externo, o Brasil está muito isolado no mundo, onde só conta com o apoio da Casa Branca, o que pode mudar em Novembro. O cientista político considerou que neste tumulto as Forças Armadas têm um papel essencial também como dissuasor das forças da oposição.
Os militares já disseram que não participarão de aventuras que vão contra a Constituição e temem ainda que o oficialato intermédio - que em tempos apoiou Bolsonaro e que agora está muito mais relutante - possa desobedecer. E não há maior horror nas Forças Armadas do que a ideia de não ser obedecido, ou seja, se as Forças Armadas alinharem num possível golpe, o que pode estar em causa é a sua integridade.