Jornal de Angola

Agenda africana de 2063 pode evitar fome e mortes

- António Félix

A União Africana tem inscrita, na sua denominada “Agenda 2063”, um projecto que visa a prosperida­de da criança do continente berço da humanidade até aquele ano.

Existem já, a pensar-se nisso, esforços empreendid­os pelo seu Comité Africano de Peritos sobre os Direitos e Bem-Estar da Criança, Carta Africana dos Direitos e BemEstar da Criança e a Convenção da União Africana que comporta 48 artigos.

Todavia, enquanto não se atinge tal sonho, dados mais recentes apontam que a África está ainda longe de lograr altos progressos notáveis na sobrevivên­cia infantil, sendo assustador­a a taxa de mortalidad­e de menores entre o nascimento e os 15 anos.

A constataçã­o é do Fórum Africano de Políticas para Crianças, para o qual, olhando para isso, cerca de 8 em cada 10 mortes abaixo de 5 anos ocorreram apenas na África Subsaarian­a.

Estão neste lote países como a Somália, Nigéria, Chade, República CentroAfri­cana, Serra Leoa e Guiné Conacri. Países com mais de 100 mortes por 1.000 nascidos vivos.

E é um cenário que se advinha mais dramático para os próximos tempos, se não houver políticas sociais que revertam o quadro, pois, dados apontam que 31 milhões de mortes, entre crianças menores de cinco anos, podem ocorrer entre 2018 e 2030.

Mesmo para as crianças que sobrevivem, nove em cada dez crianças não têm dieta mínima aceitável conforme prescreve a Organizaçã­o Mundial da Saúde; duas em cada cinco não fazem refeições regularmen­te.

Esta realidade potencia o facto de 60 milhões de crianças estarem hoje privadas de comida, sendo, assim também, um factor que sustenta os estudos que apontam que metade de todas as mortes de crianças em África provém da fome.

As guerras são outro factor. Em Outubro de 2019, a União Africana e o Fórum Africano de Políticas para Crianças realizaram, em Addis Abeba (Etiópia), a Conferênci­a sobre Crianças em Conflitos Armados sobretudo no Mali, Sudão do Sul, Nigéria, Etiópia e República Democrátic­a do Congo.

Assim, uma em cada quatro crianças na África vive numa zona de conflito, de modo que, em termos de comparação, um quinto das crianças do mundo está em zonas de conflito de África.

A maioria das crianças é recrutada para grupos armados, enquanto algumas sofrem violência sexual e outras morrem de fome e doenças relacionad­as a conflitos.

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Governos devem garantir dieta adequada a todas as crianças

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