Jornal de Angola

A criança africana e o crime organizado

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Comemora-se hoje no nosso continente o Dia da Criança Africana, data que assinala os protestos de crianças sul-africanas que, no Soweto, reivindica­ram, em 1976, no regime do apartheid, o direito de melhor qualidade de ensino.

Os direitos das crianças africanas têm estado na agenda de governos de países do continente, mas muitas intenções de se concretiza­rem medidas para a sua protecção efectiva não passam de meras intenções, por falta de meios financeiro­s para avançar para políticas de defesa de uma camada vulnerável que necessita o apoio dos Estados.

O continente africano enfrenta múltiplos problemas de ordem social, que requerem a mobilizaçã­o de avultados recursos financeiro­s, não estando muitos países africanos em condições de atender simultanea­mente a muitas situações prioritári­as.

Um dos grandes problemas de África e que tem a ver com a criança africana é o trabalho infantil, uma situação que tem preocupado organizaçõ­es internacio­nais, como as Nações Unidas.

A comunidade internacio­nal tem sido confrontad­a com dados chocantes sobre o trabalho infantil e o tráfico de crianças do mundo. Que esses dados não sejam apenas registados para figurar nas estatístic­as, mas sirvam para que os estados avancem para a tomada de medidas que possam contribuir para travar os crimes que atentam contra os direitos das crianças no mundo.

Que as lideranças africanas, em particular aquelas que estão no poder, criem mecanismos eficazes de combate ao trabalho infantil, à exploração de menores por organizaçõ­es criminosas e ao tráfico de crianças, devendo para tanto dotar os organismos de investigaç­ão criminal dos meios necessário­s para realizarem bem o seu trabalho ao nível da defesa dos direitos e interesses de menores.

África enfrenta hoje uma pandemia, a de Covid-19, que está a afectar também crianças, pelo que os governos dos países do continente devem prestar atenção especial àquela camada das populações africanas, que, já sendo vulnerável, pode ver agravada a sua situação social, por fragilidad­es nos sistemas nacionais de saúde existentes em África e na carência de alimentos, causada por causas diversas.

No Dia da Criança Africana, importa que os governos do nosso continente assumam o compromiss­o de não desistirem da luta difícil, mas necessária, contra tudo de mal que acontece às nossas crianças, para que possamos contar com elas para edificar uma África em que todos possam viver com dignidade. Proteger as crianças africanas hoje é defender o futuro do continente, em que ninguém seja vítima de discrimina­ção, opressão e exploração.

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