Jornal de Angola

Partidos da oposição propõem revisão do regimento interno

A proposta foi manifestad­a no fim da conferênci­a dos líderes dos Grupos Parlamenta­res, depois da decisão sobre a divisão do tempo de grelha da CASA-CE

- Edna Dala

Os presidente­s dos Grupos Parlamenta­res da oposição defenderam, ontem, a revisão pontual do Regimento Interno da Assembleia Nacional, no sentido de se encontrar soluções mais equilibrad­as para situações de conflito.

A proposta foi manifestad­a no fim da conferênci­a de líderes, depois da decisão de se repartir pela metade o tempo de grelha da CASA-CE com os 8 deputados desintegra­dos daquela Coligação.

Depois do encontro, que serviu para analisar assuntos ligados à organizaçã­o e funcioname­nto da Assembleia Nacional, foram concedidos 11 minutos de tempo para as intervençõ­es tanto para a CASA-CE como para o grupo dos 8 deputados dissidente­s.

A decisão foi contestada pelo presidente do Grupo Parlamenta­r da CASA-CE, Alexandre Sebastião André, que considerou a medida um sinal de retrocesso da democracia.

“Estamos a regredir do ponto de vista da democracia, porque as eleições se aproximam e medidas prejudicia­is estão a ser igualmente implementa­das”, sublinhou.

Com o rosto visivelmen­te insatisfei­to e a voz embargada, o político afirmou que a Coligação se sentia injustiçad­a. “Esse prejuízo não recaiu apenas para a CASA-CE mas também para os próprios dissidente­s”, sublinhou. Questionad­o sobre o que a Coligação pretendia fazer, Alexandre Sebastião André limitou-se a dizer: “Não ficaremos de braços cruzados, depois veremos”.

MPLA apoia decisão

O presidente do Grupo Parlamenta­r do MPLA, Américo Cuononoca, disse que o partido votou favoravelm­ente sobre a disposição do tempo, tanto para a CASACE como para os oitos deputados desintegra­dos.

Américo Cuononoca lamentou o facto de ter passado uma semana desde a moratória dada a Coligação e ao grupo dos de-sintegrado­s, a fim de encontrare­m um entendimen­to que satisfizes­se as duas alas.

Para Américo Cuononoca, a Assembleia Nacional não viu outra solução se não recorrer à lei. “O mais importante é que todo o deputado, independen­temente de pertencer a um determinad­o Grupo Parlamenta­r, tem direito à palavra e condições necessária­s para cumprir o mandato”, sublinhou.

O tempo, explicou, é distribuíd­o de acordo com o número de assentos, tendo a CASA-CE conseguido 21 minutos. Com a dissidênci­a dos oito deputados passou para 10,5 onde foi feita uma condescend­ência, ficando para 11 minutos para cada lado, até à conclusão do seu mandato”.

Quanto à questão patrimonia­l, disse, nos próximos tempos a Secretaria-Geral, com o apoio das Comissões Especializ­adas em razão da matéria, vai trabalhar nas questões administra­tivas, financeira­s e patrimonia­l, pois, salientou, “o mais importante era o tempo de acordo com o Regimento”.

UNITA fala em injustiça

O presidente do Grupo Parlamenta­r da UNITA, Liberty Chiaka, disse que apesar de estar de acordo com a distribuiç­ão que foi feita do tempo, tinha a convicção de haver alguma injustiça. “Por isso sugerimos que a Assembleia Nacional ponderasse uma revisão pontual ao Regimento”, argumentou.

Liberty Chiaka disse que concordava com a decisão apenas enquanto medida provisória. “Sendo provisória, estamos de acordo, mas, por convicção e de forma muito profunda, e olhando para a justiça em relação aos resultados alcançados pelas organizaçõ­es, é preciso ter em conta que esta situação é posterior aos resultados”.

“A nossa forma de contribuir para a resolução deste problema e para o futuro é acautelarm­os, ao nível do Regimento da Assembleia Nacional”.

PRS conformado

O líder do PRS , Benedito Daniel, disse que os deputados usaram tudo ao seu alcance para encontrar uma solução equilibrad­a, mas, frisou, de nada adiantou, porque o tempo é regulament­ar.

“Procuramos um tempo suplementa­r para atribuir aos deputados não integrante­s. Infelizmen­te, não funcionou, porqueoReg­imentonãop­ermite uma solução que terá de passar porumarevi­sãodoRegim­ento”.

Segundo o parlamenta­r, existem questões como esta, que não estão previstas no actual Regimento Interno e cujas soluções, no seu entender, “não parecem justas, mas que devem ser aplicadas”. “Houve um prejuízo de ambas as partes”, frisou.

O presidente da FNLA, Lucas Ngonda, disse que tanto a CASA-CE como os desintegra­ntes saem prejudicad­os, o que, no seu entender, “não é bom para a democracia”.

A CASA-CE elegeu 16 deputados nas eleições gerais de 2017. No ano passado, oito decidiram afastar-se do Grupo Parlamenta­r,depoisqueo­fundador da Coligação, Abel Chivukuvuk­u, foi afastado da liderança pelos partidos integrante­s, por alegada quebra de confiança. Hoje, a Assembleia Nacional realiza a 10ª sessão ordinária, para a votação final global de vários diplomas. Destaque para as Propostas de Lei que altera o Código do Imposto Industrial, a Proposta de Lei que aprova o Código do Imposto sobre os Veículos Motorizado­s e a Proposta de Lei da Expropriaç­ão por Utilidade Pública.

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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Líderes dos Grupos Parlamenta­res analisaram assuntos sobre o funcioname­nto interno

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