Jornal de Angola

Moradores do Hoji-ya-Henda queixam-se do apoio irregular

Confinados em casa há mais de trinta dias, os moradores afirmam que não tem havido regularida­de na entrega de alimentos e há morosidade na apresentaç­ão dos resultados

- Alexa Sonhi

Os moradores que se encontram em cerca sanitária no distrito do Hoji-ya-Henda, Município do Cazenga, em Luanda, desde o dia 10 de Maio, devido ao registo de casos da Covid-19 na zona, reclamam da falta de condições sociais básicas para a sobrevivên­cia e do elevado tempo de confinamen­to, sem data exacta para o levantamen­to.

Confinados em casa há mas de trinta dias, os moradores queixam-se da irregulari­dade na entrega de cestas básicas e morosidade na entrega dos resultados.

A funcionári­a pública Eunice dos Santos, diz não perceber os motivos que levam até agora os moradores do Hojiya-Henda a não receberem os resultados dos exames, quando os estudantes que vieram da Rússia já os têm.

“Essa situação deixa aborrecida qualquer pessoa, porque a nossa vida não se resume em ficar em casa. Temos que trabalhar para sustentar os filhos, porque o que eles nos dão não serve para alimentar a família”, lamentou Eunice Santos .

Disse que tem um agregado de 15 pessoas, mas só recebeu uma caixa de coxa de frango para ser consumido até ao final do mês, o que considera insuficien­te.

Joana Armando afirma que recebeu a última cesta básica há uma semana, sublinhand­o que o grande apoio tem vindo dos familiares que chegam à entrada da rua levando comida.

“Os meus familiares ao chegarem à entrada da rua ligam para mim, pedem autorizaçã­o aos policias e eu saio para receber pão, arroz , massa e outras coisas. As pessoas que não têm família estão a sofrer muito. Até esta situação terminar, muitos aqui podem apanhar anemia ou outras doenças provocadas pela fome”, salientou.

Para Conceição Francisco, o grande problema está no centro médico, que nessa altura mais prejudica a população. Os técnicos que lá estão insinuam que todos os moradores têm Covid-19 .

“Quem for para o centro médico com uma simples dor de cabeça, de barriga ou outra queixa qualquer, ao invés de ser observado, chamam logo a ambulância para o levaram. Isto está a deixar todos moradores stressados, a ponto de muitos optarem por pular a cerca sanitária, indo sozinhos aos hospitais”, lamentou.

Gilberto Gomes disse que a colocação da cerca sanitária visa conter o surgimento de novos casos da Covid-19, mas é importante que as autoridade­s saibam que manter as pessoas em confinamen­to há mais de um mês, sem grade apoios, está a causar outros problemas aos moradores.

“Existem pessoas que apenas viviam da zunga aqui mesmo no “Arreou” no Hojiya-Henda e doentes crónicos que regularmen­te precisam de ir ao hospital. Com essa situação as coisas ficam complicada­s”, salientou.

 ?? PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO ??
PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola