Moradores do Hoji-ya-Henda queixam-se do apoio irregular
Confinados em casa há mais de trinta dias, os moradores afirmam que não tem havido regularidade na entrega de alimentos e há morosidade na apresentação dos resultados
Os moradores que se encontram em cerca sanitária no distrito do Hoji-ya-Henda, Município do Cazenga, em Luanda, desde o dia 10 de Maio, devido ao registo de casos da Covid-19 na zona, reclamam da falta de condições sociais básicas para a sobrevivência e do elevado tempo de confinamento, sem data exacta para o levantamento.
Confinados em casa há mas de trinta dias, os moradores queixam-se da irregularidade na entrega de cestas básicas e morosidade na entrega dos resultados.
A funcionária pública Eunice dos Santos, diz não perceber os motivos que levam até agora os moradores do Hojiya-Henda a não receberem os resultados dos exames, quando os estudantes que vieram da Rússia já os têm.
“Essa situação deixa aborrecida qualquer pessoa, porque a nossa vida não se resume em ficar em casa. Temos que trabalhar para sustentar os filhos, porque o que eles nos dão não serve para alimentar a família”, lamentou Eunice Santos .
Disse que tem um agregado de 15 pessoas, mas só recebeu uma caixa de coxa de frango para ser consumido até ao final do mês, o que considera insuficiente.
Joana Armando afirma que recebeu a última cesta básica há uma semana, sublinhando que o grande apoio tem vindo dos familiares que chegam à entrada da rua levando comida.
“Os meus familiares ao chegarem à entrada da rua ligam para mim, pedem autorização aos policias e eu saio para receber pão, arroz , massa e outras coisas. As pessoas que não têm família estão a sofrer muito. Até esta situação terminar, muitos aqui podem apanhar anemia ou outras doenças provocadas pela fome”, salientou.
Para Conceição Francisco, o grande problema está no centro médico, que nessa altura mais prejudica a população. Os técnicos que lá estão insinuam que todos os moradores têm Covid-19 .
“Quem for para o centro médico com uma simples dor de cabeça, de barriga ou outra queixa qualquer, ao invés de ser observado, chamam logo a ambulância para o levaram. Isto está a deixar todos moradores stressados, a ponto de muitos optarem por pular a cerca sanitária, indo sozinhos aos hospitais”, lamentou.
Gilberto Gomes disse que a colocação da cerca sanitária visa conter o surgimento de novos casos da Covid-19, mas é importante que as autoridades saibam que manter as pessoas em confinamento há mais de um mês, sem grade apoios, está a causar outros problemas aos moradores.
“Existem pessoas que apenas viviam da zunga aqui mesmo no “Arreou” no Hojiya-Henda e doentes crónicos que regularmente precisam de ir ao hospital. Com essa situação as coisas ficam complicadas”, salientou.