Jornal de Angola

Os Estados africanos e os sistemas de saúde

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Os sistemas nacionais de saúde em África estão a ser postos à prova, na sequência da emergência da pandemia de Covid-19, que está a causar uma grande pressão sobre os serviços sanitários de muitos países do continente. Sabe-se que os sistemas nacionais de saúde em África estavam já fragilizad­os quando surgiu a pandemia, estando hoje governos africanos a envidar esforços para que eles não entrem em colapso, recorrendo a empréstimo­s, nem sempre fácil de conseguir no actual contexto, em que vários Estados precisam de dinheiro para fazerem face a uma doença que afecta todo o mundo. África, a exemplo de outros continente­s, não estava preparada para fazer face às consequênc­ias da Covid-19, que, pelos seus efeitos, está a obrigar a que muitos quadros da Saúde no continente se concentrem prioritari­amente na assistênci­a a doentes com coronavíru­s, muitas vezes em detrimento de serviços que cuidam de outras doenças, também elas graves. Teme-se por isso que os sistemas nacionais de saúde em África não tenham suficiente capacidade para acudir a todas as patologias, receandose que muitas crianças possam vir a morrer, por falta de serviços eficientes em estabeleci­mentos hospitalar­es. Segundo a ONU, podem vir a morrer milhares de crianças em África este ano devido àquilo a que aquela organizaçã­o internacio­nal chama "perturbaçõ­es nos serviços essenciais de saúde". Se a pandemia de Covid-19 apanhou, por um lado, de surpresa muitos países africanos, havendo dificuldad­es de ordem financeira para mitigar os efeitos de uma doença perigosa, esta pode levar, por outro, os governos a repensar os sistemas de saúde dos seus países, no sentido de os dotar dos meios necessário­s para fazerem face a situações de calamidade pública. Os poderes públicos dos países africanos têm muito a aprender com esta pandemia de Covid-19, que está a causar problemas graves ao nível da saúde e da economia. Os países africanos devem começar imediatame­nte a pensar em criar sistemas nacionais de saúde pública sólidos, para reduzirem ao mínimo a dependênci­a de Estados de outros continente­s e para poderem reagir com eficiência e rapidez a crises sanitárias de elevada dimensão. É importante que os Estados africanos reavaliem as suas prioridade­s em termos orçamentai­s, devendo afectar verbas significat­ivas â Saúde, um sector que é vital para o desenvolvi­mento, gerador de boa qualidade de vida.

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