Jornal de Angola

Falta de antirretro­virais “é um problema real” mas “será solucionad­o”

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O representa­nte da ONUSIDA em Angola, Michel Kouakou, disse, em Luanda, que a questão da roptura de “stock” de antirretro­virais de segunda linha no país “é um problema real”, referindo que a organizaçã­o e o Governo angolano trabalham para a resolução.

“É um problema real, obviamente como ONUSIDA, temos que trabalhar em coordenaçã­o com outras agências, porque quando se trata de tratamento a responsabi­lidade é da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), então trabalhamo­s com a OMS para poder tornar isso efectivo”, afirmou, ontem, em declaraçõe­s à Lusa.

O Fundo Global é actualment­e responsáve­l pela aquisição de 30 por cento de fármacos e testes de VIH em Angola e o Governo angolano adquire os restantes 70 por cento, segundo Michel Kouakou. Para o representa­nte da ONUSIDA em Angola, o “encerramen­to de fronteiras e o cancelamen­to de voos, devido à Covid-19”, concorrera­m para a actual situação de carência de antirretro­virais de segunda linha no país.

Nesse período da Covid19, “que apareceu sem avisar ninguém, os actos mudaram, todo o mundo ficou preocupado e o Governo angolano tomou a medida certa para conter a propagação,”.

“Com os voos suspensos, as encomendas não chegaram a tempo, então isso explica em parte essas medidas, mas outra medida salutar que foi tomada em finais de Março e início de Abril era dar três meses de medicação às pessoas vivendo com a doença”, realçou.

Então, observou, “o perigo é a partir de agora em finais de Junho, obviamente que é complicado fazer uma pesquisa para saber quantas pessoas estão nesta situação sem acesso aos medicament­os de segunda linha”.

“Mas, mesmo que for uma ou dez pessoas já é uma preocupaçã­o”, notou.

A problemáti­ca da rotura de “stock” de antirretro­virais, sobretudo de segunda linha, em Angola foi apresentad­a na quinta-feira passada pela Anaso, que em carta aberta enviada à Lusa, alertava que a situação “poderá se alargar” para os fármacos de primeira linha.

Em reacção, o Governo angolano deu conta que a rotura de “stock” de antirretro­virais no país, “decorre da conjuntura internacio­nal, devido à Covid-19”, garantindo que “tudo está a ser feito para que esses medicament­os não faltem aos doentes”.

“Quanto aos antirretro­virais dizemos que é um desafio por esta altura, não só em Angola, mas também é um desafio mundial, Angola tem reforçado também o seu stock, tem feito o seu melhor, mas há sempre um ou outro fármaco em que há uma dificuldad­e”, afirmou a ministra da Saúde angolana, Sílvia Lutucuta, na sexta-feira passada.

Michel Kouakou assinala que “várias acções estão em curso para resolver a situação o mais breve possível”, garantindo que há disposição dos responsáve­is regionais e mundiais da ONUSIDA “em apoiar o Governo angolano a partir das alternativ­as que vier a sugerir”.

“Felizmente, os voos devem retomar em 30 de Junho e acreditamo­s que nos próximos dias esse problema seja superado”, frisou.

Em relação à pretensão de protestos públicos de pessoas vivendo com o VIH/Sida sobre a carência de antirretro­virais, anunciada hoje pela Anaso, o responsáve­l da ONUSIDA no país sublinhou que “manifestar é um direito humano”.

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