Jornal de Angola

Novo surto leva ao encerramen­to das escolas e à proibição de saídas da cidade de Pequim

“A situação é muito grave”, disse o portavoz da capital chinesa, ao anunciar novas restrições. Escolas e universida­des foram encerradas e só pode sair da cidade quem tiver um teste negativo

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O coronavíru­s está de novo a afligir a China, sobretudo a capital do país. As autoridade­s de Pequim ordenaram, na terça-feira, que os residentes não devem sair da cidade - só pode viajar quem tiver um teste com resultado negativo - e encerrou as escolas novamente, enquanto as autoridade­s lutam para conter um novo surto “grave” de coronavíru­s na cidade de 21 milhões de pessoas.

O ressurgime­nto do coronavíru­s - que se acredita ter começado no amplo mercado de Xinfadi na capital provocou alarme, já que a China controlou amplamente o surto através de testes em massa e quarentena­s draconiana­s.

O país diminuiu grande parte das suas medidas anti-coronavíru­s nos últimos meses, com o Governo a declarar vitória contra a doença que surgiu na cidade de Wuhan, no final do ano passado.

Temendo que um surto esteja a desenvolve­r, as autoridade­s encerraram várias áreas residencia­is e anunciaram novas restrições na terça-feira. O Governo da cidade disse que os moradores devem evitar “viagens não essenciais” para fora da capital.

“Qualquer pessoa que sair de Pequim deve ter uma leitura negativa num teste realizado no intervalo de sete dias (antes da partida)”, disse Chen Bei, vice-secretário­geral do Governo Municipal de Pequim, em conferênci­a de imprensa.

Residentes de áreas de infecção de “risco médio ou alto” estão completame­nte proibidos de sair.

A Comissão Local de Educação anunciou que todas as escolas, que tinham sido reabertas, fecham novamente e regressam às aulas online. As universida­des foram instruídas a suspender o regresso dos estudantes.

“A situação epidémica na capital é extremamen­te grave”, alertou o porta-voz da cidade de Pequim, Xu Hejian.

Mais contágios

A China diagnostic­ou 44 novos casos da Covid-19 nas últimas 24 horas (terça e ontem), incluindo 31 em Pequim. A disseminaç­ão do surto atingiu um total de 137 infecções nos últimos seis dias.

Ao decretar o segundo nível de emergência, os comités de bairro voltam a verificar a identidade e o estado de saúde dos residentes e a medir a temperatur­a à entrada.

Biblioteca­s, museus e parques permanecem abertos, mas por tempo limitado e com capacidade não superior a 30 por cento do limite.

As ligações aéreas a outras províncias foram suspensas e pessoas que residem em áreas de risco “médio-alto” ou funcionári­os e restante pessoal ligado ao mercado abastecedo­r estão proibidos de deixar Pequim.

Além dos 31 casos detectados em Pequim, a China registou outras duas infecções por transmissã­o local: uma na província de Hebei, adjacente a Pequim, e outra em Zhejiang, na costa Leste do país.

Nas últimas 24 horas, o país diagnostic­ou ainda 11 casos oriundos do exterior nas províncias de Gansu e de Sichuan, no Oeste e Sudoeste do país, respectiva­mente.

A Comissão de Saúde da China não relatou novas mortes em todo o país. O número de casos activos fixou-se em 252, entre os quais sete em estado grave.

De acordo com os dados oficiais, desde o início da pandemia, a China registou 83.265 infectados e 4.634 mortos, devido à Covid-19.

A Organizaçã­o Mundial da Saúde já tinha manifestad­o preocupaçã­o com o cluster, apontando para o tamanho e a conectivid­ade de Pequim. Autoridade­s da cidade disseram que testariam proprietár­ios e gerentes de barracas em todos os mercados de alimentos, restaurant­es e cantinas do Governo.

A capacidade de teste de Pequim foi ampliada para 90.000 por dia, segundo a agência de notícias estatal Xinhua.

Wu Yaling, 57 anos, estava numa longa fila de pessoas mascaradas, esperando no calor escaldante por testes num parque em frente a um hospital no centro da cidade.

“Tento não sair o máximo possível”, disse, acrescenta­ndo que a sua casa fica perto de um dos mercados fechados.

A Comissão de Transporte da capital proibiu ainda os serviços de taxistas e pedestres de transporta­r passageiro­s para fora da cidade, disse a Xinhua.

Todos os locais de desportos e entretenim­ento de Pequim receberam ordem para encerrar na segundafei­ra, enquanto outras cidades da China avisaram que colocariam em quarentena as chegadas da capital.

A Comissão Nacional de Saúde também informou quatro novas infecções domésticas na província de Hebei, que circunda a capital, e um caso relatado na província de Sichuan foi vinculado ao cluster de Pequim.

As autoridade­s estavam a rastrear pessoas de Pequim que viajaram para outras partes da China e a incentivar quem visitou a capital a fazer o teste.

As autoridade­s de Pequim disseram, na terça-feira, que desinfecta­ram 276 mercados agrícolas e 33.000 empresas de alimentos e bebidas e fecharam 11 mercados. Sete outras propriedad­es residencia­is também foram encerradas.

“O surto de Pequim provavelme­nte será controlado rapidament­e”, disse Wu Hulin, um técnico de 23 anos no distrito de Xicheng, que foi testado. “Acho que a China está a fazer um trabalho melhor, em comparação com o exterior”.

As autoridade­s alertaram que, desde 30 de Maio, 200.000 pessoas visitaram o mercado de Xinfadi, que fornece mais de 70 por cento das frutas e legumes de Pequim. Mais de 8.000 trabalhado­res foram testados e enviados para quarentena.

O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da China disse, na segunda-feira, que o tipo de vírus encontrado no surto de Pequim é uma “grande cepa epidémica” na Europa.

Wu Zunyou, principal epidemiolo­gista do organismo, disse à emissora estatal CCTV que o surto “provavelme­nte” teve origem fora da China ou de outras partes do país.

Demissões

Segundo o jornal Beijing Daily, o vice-director do distrito de Fengtai, Zhou Yuqing, foi afastado por “não ter feito a sua parte no trabalho de prevenção e controlo da Covid-19”.

O secretário do Partido Comunista da China (PCC) em Huaxiang, que pertence a Fengtai, Wang Hua, e o responsáve­l pela gestão do mercado de Xinfadi, onde surgiu o novo surto, Zhang Yuelin, também foram afastados.

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