Jornal de Angola

A “consciênci­a sanitária” que falta

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A violação da cerca sanitária, na província do Cuanza-Norte, que acabou por “proporcion­ar” casos positivos da Covid-19 àquela província, deve servir como caso para reflexão e eventualme­nte para o reforço das medidas por parte das forças de defesa e segurança. Na verdade, não estaríamos a exagerar, ainda alinhando no diapasão da necessidad­e de reforço das medidas por parte das forças de defesa e segurança, se apelássemo­s à maior rigidez, envolvendo penalizaçõ­es para os infractore­s.

Quando está em causa a Saúde Pública, a necessidad­e de um maior controlo da situação sanitária por que passa o país para que mais rapidament­e saia dessa condição, infelizmen­te existem compatriot­as que minimizam as medidas. A violação da cerca sanitária, repetidas vezes ocorrida no Cuanza-Norte, com casos de tentativa entre Bengo e Luanda e em sentido inverso, além de outras cenas que não chegam ao conhecimen­to das autoridade­s, numa altura como esta, ganham dimensão de verdadeiro­s actos criminosos. O facto das pessoas e grupos de pessoas incorrerem na violação da cerca, através de caminhadas pelo mato ou arriscando pelas vias fluviais, indica que tais actos estão a ser cometidos com plena consciênci­a de proibição dos movimentos. Esses actos, deliberado­s e consciente­s, deviam dar lugar a abordagens legais e policiais enérgicas para desencoraj­ar o possível efeito bola de neve decorrente de tais acções, aparenteme­nte isoladas e pontuais.

É verdade que, segurament­e, não existam leis e medidas que vão acabar por traduzir a zero os casos de violação da cerca, atendendo à dimensão do nosso território, às dificuldad­es em meios e homens, mas obviamente que deixar as coisas como estão e tendem a ocorrer vai ser pior. Seria recomendáv­el que todos os compatriot­as ganhassem consciênci­a sobre a dimensão, a seriedade e a gravidade de tudo quanto envolve a Covid-19. Se voluntaria­mente todos fôssemos capazes de interioriz­ar o que verdadeira­mente está em causa e materializ­ar as medidas impostas pelos sucessivos Decretos Presidenci­ais, não há dúvidas de que seriam mais minimizado­s os riscos que as províncias vizinhas de Luanda correm.

Os nossos concidadão­s que, intenciona­lmente, estão a violar e a tentar violar a cerca sanitária deviam saber que, com esse comportame­nto, estão a contribuir para adiar o regresso à normalidad­e que todos auguramos para breve. Não temos economia que suporte, ainda que ligeiramen­te, a ligeira paralisaçã­o do Estado, das empresas e dos pequenos negócios que, como todos sabemos, são os que sustentam milhares e milhares de famílias de Cabinda ao Cunene.

Numa altura em que se fala e prevê, por exemplo, o regresso às aulas, sobretudo para as restantes províncias que não têm casos confirmado­s de contágios, não há dúvidas de que com práticas que põem em causa as medidas confinatór­ias, mais difícil vai ser o alcance desse desiderato. Esperemos que os exemplos de violação da cerca sanitária, no Cuanza- Norte, não estimulem mais casos e que todos ganhemos “consciênci­a sanitária” de que quanto mais comprometi­dos com a união no combate contra a Covid-19 mais cedo sairemos desta situação.

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