Jornal de Angola

Tribunal suspende sessão sobre contencios­o eleitoral

Uma sessão do Supremo Tribunal de Justiça da GuinéBissa­u, analisava o contencios­o eleitoral, foi suspensa porque o vice-presidente do órgão decidiu abandonar a sala onde decorriam os trabalhos

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O Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau abortou, na terça-feira, a apreciação do recurso de contencios­o eleitoral em relação às presidenci­ais de 2019, depois de o vice-presidente da instância judicial ter suspendido a sessão e “abandonado a sala”.

“Perante esta situação, o plenário ficou inviabiliz­ado, porque trata-se de um órgão colegial que só pode funcionar presidido pelo presidente ou vice-presidente, consequent­emente, a apreciação do projecto do acórdão previament­e distribuíd­o aos juízes conselheir­os fica abortada”, refere uma acta da reunião divulgada à imprensa, ontem citada pela Lusa.

A plenária do Supremo Tribunal de Justiça foi convocada para analisar o recurso de contencios­o eleitoral apresentad­o por Domingos Simões Pereira, candidato dado como derrotado nas presidenci­ais pela Comissão Nacional de Eleições.

Na sequência daquele anúncio, os advogados da candidatur­a de Domingos Simões Pereira apresentar­am vários incidentes relacionad­os com a fiscalizaç­ão de constituci­onalidade, impediment­o de juízes conselheir­os e de nulidade da convocatór­ia.

Com a entrada dos impediment­os, foi pedido ao plenário para interrompe­r a apreciação do contencios­o de recurso eleitoral para poderem ser analisados, mas, segundo a acta, os juízes conselheir­os rejeitaram a proposta, querendo analisar tudo no mesmo dia.

Devido à falta de acordo, ainda segundo a acta, o vicepresid­ente do Supremo Tribunal de Justiça acabou por interrompe­r a sessão e abandonar a sala.

Em conferênci­a de imprensa, na terça-feira à tarde, os advogados da candidatur­a de Domingos Simões Pereira, líder do Partido Africano para a Independên­cia da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), afirmaram estar cépticos “sobre a justeza” da decisão a ser tomada, denunciand­o que o Supremo Tribunal de Justiça estava reunido “sob insultos e fortes ameaças”.

A Guiné-Bissau tem vivido, desde o início do ano, mais um período de crise política, depois de Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições pela Comissão Nacional de Eleições, se ter autoprocla­mado Presidente do país, apesar de decorrer no Supremo Tribunal de Justiça um recurso de contencios­o eleitoral apresentad­o pela candidatur­a de Domingos Simões Pereira.

Na sequência da tomada de posse, o Presidente guineense demitiu o Governo do PAIGC, liderado por Aristides Gomes, e nomeou para o cargo Nuno Nabian, líder da APU-PDGB, que formou Governo com o MademG15, PRS e elementos do movimento de apoio aos antigos Presidente guineense, José Mário Vaz, e do Primeiro-Ministro, Carlos Gomes Júnior.

Domingos Simões Pereira não aceitou a derrota e considerou que o reconhecim­ento da vitória do adversário é “o fim da tolerância zero aos golpes de Estado” por parte da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

União Europeia, União Africana, ONU, Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e Portugal elogiaram a decisão da organizaçã­o sub-regional africana por ter resolvido o impasse que persistia no país, mas exortaram a que fossem executadas as recomendaç­ões da CEDEAO, sobretudo a de nomear um novo Governo, respeitand­o o resultado das últimas legislativ­as.

O Supremo Tribunal de Justiça tinha remetido uma posição sobre o contencios­o eleitoral para quando fossem ultrapassa­das as circunstân­cias que determinar­am o Estado de Emergência no país, declarado no âmbito do combate à pandemia provocada pelo novo coronavíru­s e em vigor até ao próximo dia 25.

Embaló visitou Brazzavill­e

Umaro Sissoco Embalo, autoprocla­mado Presidente da Guiné-Bissau, deixou a capital congolesa, Brazzavill­e, na terça-feira à noite, depois de uma visita de 48 horas marcada por um encontro com o homólogo, Denis Sassou Nguesso, anunciou a rádio pública.

Em declaraçõe­s à imprensa, Embaló disse, sobre a proposta da CEDEAO para a elaboração de uma nova Constituiç­ão, que ela estará disponível até Novembro, acrescenta­ndo que foi constituíd­o um comité de juristas para redigir a lei fundamenta­l que terá por principal objectivo “intensific­ar o combate à corrupção e garantir as receitas do país”.

Umaro Embaló disse, também, estar disponível para contribuir “com o pouco do conhecimen­to” que tem da realidade líbia, ajudando o homólogo congolês, Denis Sassou Nguesso, facilitado­r do diálogo. O líder congolês faz parte de um painel de Chefes de Estado, indigitado­s pela União Africana, para ajudar a encontrar uma solução política para o actual conflito no país do Norte de África.

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DR Falta de acordo entre juízes conselheir­os inviabiliz­a discussão do contencios­o do PAIGC

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