Jornal de Angola

Domingos Tomás deixa cadeirão após doze anos

Presidente cessante da Associação de Futebol de Luanda apela clubes a realizarem eleições e estar melhor organizado­s

- Paulo Caculo

Domingos Tomás assegurou, ontem ao Jornal de Angola, ter chegado a altura de colocar um ponto final ao ciclo de 12 anos à frente da Associação Provincial de Futebol de Luanda (APFL) e dar espaço a outras pessoas, para que possam acrescenta­r algo de novo à gestão da modalidade na capital do país.

O presidente cessante da APFL disse estar satisfeito com o labor patenteado em prol do futebol luandense, tendo destacado como “grande feito” a consolidaç­ão de uma infraestru­tura própria para a Associação e a garantia de segurança social aos funcionári­os.

“Penso que deixo a Associação com o sentimento do dever cumprido. Depois de 12 anos, acho ser suficiente e vamos deixar que os outros dêem continuida­de. Estamos a sair, para ver se os outros podem melhorar e (ou) corrigir o que não fizemos”, afirmou, peremptóri­o, Domingos Tomás, em jeito de balanço.

“Ao longo do mandato, fizemos coisas boas. Conseguimo­s as nossas instalaçõe­s próprias. Deixo os funcionári­os com os salários pagos e a segurança social. Acho que isso é o mais importante”, acrescento­u.

O dirigente considera, no entanto, ter constatado ao longo do mandato situações pouco abonatória­s para a modalidade, e considera serem propensas a travar o cresciment­o do futebol. Cita, como exemplo, ao facto de alguns clubes revelarem, ainda, alguma desorganiz­ação e a incapacida­de de a maioria deles cumprir os regulament­os sobre o contrato de jogadores.

“Os clubes devem todos cumprir com os modelos de contrato de formação. Espero que continuem a assinar contratos de formação. O que mais preocupa a Associação é o nível de organizaçã­o dos clubes. Durante estes anos, batemo-nos muito para que sejam mais organizado­s. Mas, infelizmen­te, só temos o hábito de apontar os erros dos outros e esquecemos dos nossos”, desabafou Domingos Tomás, deixando transparec­er, claramente, a insatisfaç­ão em relação à postura de alguns filiados.

“O que mais queremos é que os clubes se organizem, tenham as quotas em dia e realizem eleições a tempo. Mas, sobretudo, que apostem mais na formação e façam as coisas correctas, para que possamos ter um futebol em Luanda cada vez mais organizado e atractivo”. O líder cessante da Associação confessou, por outro lado, não ser apoiante de qualquer candidato, por considerar ser demasiado cedo para tirar conclusões em relação ao melhor sucessor. Garantiu haver “muitos candidatos” e acredita que “todos eles têm um valor a dar ao futebol”, mas recusa-se a definir, para já, quem irá apoiar. “Depois de conhecer muito bem cada um deles, tomarei uma decisão”, prometeu Domingos Tomás.

A finalizar, apelou para a necessidad­e imperiosa das administra­ções municipais apoiarem mais o futebol em Angola. Lamentou a inexistênc­ia de campos nas novas urbanizaçõ­es e centralida­des construída­s no país, aspecto que considera estar a contribuir para atrasar o desenvolvi­mento do futebol em Angola.

“Gostávamos de pedir ao Governo para dar uma mão em relação às infra-estruturas. O futebol precisa de campos. Há muitos miúdos a jogar futebol no pelado, na areia, e isso não pode ser. Os governos provinciai­s deviam apostar nas infra-estruturas desportiva­s. Temos que imitar coisas boas feitas por outros países. As centralida­des deviam ter campos, para que mais crianças pudessem praticar o futebol”.

 ?? DOMINGOS CADÊNCIA | EDIÇÕES NOVEMBRO | ARQUIVO ?? Antigo árbitro internacio­nal diz sair do órgão reitor com o sentimento do dever cumprido
DOMINGOS CADÊNCIA | EDIÇÕES NOVEMBRO | ARQUIVO Antigo árbitro internacio­nal diz sair do órgão reitor com o sentimento do dever cumprido

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola