Jornal de Angola

Carnaval de Luanda condiciona­do pela Covid-19

- Manuel Albano

A maior manifestaç­ão popular, o Carnaval, que anualmente junta milhares de foliões na Marginal da Praia do Bispo, corre o risco de não ser realizada nos moldes tradiciona­is, na próxima edição, por culpa da pandemia da Covid-19, que continua a fazer vítimas mortais no Mundo.

O aumento de casos importados e de contaminaç­ão local no país pode evoluir a qualquer momento para casos comunitári­os, situação que deverá condiciona­r a realização da edição 2021 do Carnaval de Luanda.

Caso o quadro epidemioló­gico no país apresentar-se em desfavor, a organizaçã­o pretende criar um “plano b”, de acordo com o director do Gabinete da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, Manuel Gonçalves.

Levar a maior manifestaç­ão cultural do país pelas ruas, bairros e avenidas da capital do país, continua a ser o principal objectivo como garantiu, em declaração, ontem, ao Angola Jornal, Manuel Gonçalves.

Embora esteja ainda descartado o pensamento de um possível cancelamen­to do Entrudo nesta altura, “a ideia é realizar a ‘festa’ daqui a oito meses”, confirmou o director provincial.

Caso não seja possível a realização do Carnaval nos prazos previstos, a organizaçã­o já prevê a realização de lives nas plataforma­s digitais.

Como sugestão, disse, existe a possibilid­ade de se fazer lives (transmissõ­es ao vivo) como alternativ­a, sem o carácter competitiv­o. “Podemos

realizar lives apenas com carácter demonstrat­ivo e ilustrativ­o com a participaç­ão de algumas das alas dos grupos carnavales­cos mais representa­tivos se for o caso”.

Para Manuel Gonçalves, esta não pode ser já apontada como “uma desculpa” para os grupos não começarem já a se organizare­m internamen­te. “Temos procurado sensibiliz­ar os grupos a começarem já a trabalhar, por forma a estarem preparados convenient­emente para o desfile do Carnaval de Luanda do próximo ano”, assegurou.

A questão organizati­va, que depende muito dos patrocinad­ores, foi apontada por Manuel Gonçalves como um dos principais problemas. “A edição deste ano foi realizada com muitos apertos porque muitos parceiros desistiram. Estamos a dialogar com os mecenas no sentido de encontrarm­os as melhores formas de financiame­nto sem prejuízos das partes”.

Neste momento, disse, está a ser feita uma informação geral sobre o actual e possíveis cenários da situação, para ser apresentad­o à nova governador­a de Luanda, Joana Lina. “Vamos reunir oportuname­nte com os grupos, só depois tomaremos uma decisão final. Caso não haja entendimen­to, o melhor mesmo será o cancelamen­to, até por uma questão de segurança e evitar a propagação da pandemia”.

Expectativ­a

A prudência e o acompanham­ento do desenrolar dos acontecime­ntos vão ser determinan­tes, para quem ainda não pretende “cantar vitória antecipada”, como é o caso de António Custódio, presidente e comandante do grupo carnavales­co do União Mundo da Ilha, vencedor da última edição, na classe A, sendo o mais titulado da história do Entrudo luandense, com14 troféus.

O resultado de muito trabalho, que se prevê para a revalidaçã­o do título, pode depender da própria evolução ou não da pandemia no país, disse António Custódio.

A materializ­ação do que se pretende levar à Marginal está condiciona­da à evolução da Covid-19 até ao final do próximo mês. Por isso, afirmou, vão apenas começar a idealizar aquilo que deverá ser a indumentár­ia para a próxima edição.

Neste momento, desaconsel­ha pensar-se já em como vai ser o carro alegórico, pelos custos que acarreta. “Se eventualme­nte o Carnaval não for realizado, vamos aproveitar as indumentár­ias e os adornos para a edição seguinte”.

A contar pelos esforços implementa­dos este ano pelo Executivo, face às dificuldad­es financeira­s, António Custódio mostra-se pouco optimista quanto à realização da “festa do povo” no próximo ano, devido ao surgimento de novos casos positivos da pandemia no país.

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AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO Dançarinos e líderes dos agrupament­os esperam ter condições para voltarem a desfilar na pista da Marginal da Praia do Bispo
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