Mudanças agitam futebol
Petro de Luanda está activo no mercado, em vésperas da renovação de mandatos, enquanto o arqui-rival 1º de Agosto aposta no silêncio
Num ambiente de completa incerteza, quanto ao regresso da actividade desportiva oficial (treinos e competições), previsto para sábado, com base nas medidas da Situação de Calamidade Pública de combate à pandemia da Covid-19, o futebol angolano regista um período de agitação, marcado pelo anúncio de entradas e saídas.
A preparar a renovação de mandatos dos corpos sociais, que, à partida, deve reconduzir Tomás Faria na presidência, o Petro de Luanda assume uma postura activa no mercado, quiçá a marcar posição, pois a meta é a conquista do título do Girabola, pondo fim ao jejum de 12 épocas.
Reforçada a confiança no técnico espanhol Antonio Cosano, os tricolores anunciaram há dias reforços de peso, com o foco nas duas balizas. Para início de abordagem do mercado, começaram por assegurar o regresso do goleador brasileiro Tiago Azulão, depois de uma passagem menos conseguida pela Turquia.
Não satisfeitos, os homens do Catetão foram buscar ao Brasil Maiko Leite, avançado apresentado como “bom finalizador”, por isso reforça o sector integrado ainda por Yano e Jacques Tuyisenge (Rwanda), duas referências da estrutura montada por Cosano, que numa fase de aperto chegou a recorrer à força ofensiva de Isaac Mensah (Ghana).
E como as equipas coesas e ganhadoras são construídas de trás para frente, foi alargada a concorrência entre os guarda-redes. Os seguros Élber e Gerson têm a companhia de Antoine Domenique, internacional angolano, campeão ao serviço dos militares do Rio Seco, formado na Suíça. No meio campo, a acautelar a possível saída de Herenilson, entrou Ito, oriundo do Interclube, quando em sentido inverso Nari, Karanga e Ariclenes deixaram o plantel.
Silêncio nos militares
Do 1º de Agosto chegam muitas dúvidas, alimentadas por especulações, na ausência de informações oficiais, e quase nenhuma certeza. A única coisa assumida é a saída do técnico bósnio Dragan Jovic, que deixou de ser aposta da direcção encabeçada por Carlos Hendrick da Silva, no ataque ao topo de África e à materialização do muito desejado penta (cinco títulos seguidos), marca exclusiva do grande rival, no Girabola.
Com o anúncio do novo treinador em “modo espera”, é anunciado nos bastidores o regresso de Mário Soares, quadro do clube que assinou um trabalho meritório, nas últimas épocas, no Desportivo da Huíla. Chega como adjunto com estatuto especial, provavelmente já a ser preparado para, num futuro próximo, assumir comando.
O último angolano a orientar os rubro-negros foi Romeu Filemon, substituído em 2013 pelo luso-moçambicano Daúto Faquirá.
No que toca à constituição do plantel, sabe-se que o núcleo será mantido. Nas prioridades dos dirigentes destaca-se o interesse na chegada de um médio criativo (organizador de jogo) e um extremo desequilibrador, ambos do estrangeiro, mais propriamente dos vizinhos Zâmbia e Congo Democrático, em função do acompanhamento feito durante a última presença do clube na fase de grupos da Liga dos Clubes Campeões.
Fora das opções da equipa técnica por concluir estão Ary Papel, dado ontem como certo no Zamalek do Egipto, nas próximas três temporadas, e Nelson da Luz, cujas negociações, tendo em vista a mudança para o futebol português, decorrem sem sobressaltos. Poucas são, segundo fontes contactadas pelo Jornal de Angola, as hipóteses de continuidade do médio nigeriano Ibukun, dada a quebra de rendimento.
Os militares estão preocupados com a recuperação psicológica de Bobó, esteio da defesa, ao lado de Dany Massunguna. O central aguarda pelo regresso ao país, depois do sepultamento, no Congo Democrático, da mulher que morreu em Luanda, num acidente rodoviário.
Mexidas e eleições
No Recreativo do Libolo, André Macanga passou o testemunho a Filemon, seu antigo treinador e chefe de equipa nos Palancas Negras. O pupilo à procura de colocação, por forma a prosseguir o crescimento na carreira, desejou sucessos ao “mestre”, agora colega, que no final de semana conheceu, numa visita guiada, as instalações do colosso da vila de Calulo.
O Interclube mantém a aposta no português Ivo Ribeiro, treinador comprometido com o lançamento de jovens formados no clube. No capítulo da gestão, Miguel António “Kamuloji”, vice-presidente para o Basquetebol da direcção cessante, é apontado como forte candidato a substituir Fernando Alves Simões, na presidência, pelo histórico de quase 30 anos ligado à liderança dos polícias.
O Progresso Sambizanga vive o dilema da saída de Paixão Júnior da presidência.