Jornal de Angola

Pastores angolanos tomam 30 templos

- André Sibi

Um movimento de bispos e pastores da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), iniciado ontem, em Luanda, tomou 30 templos em seis províncias do país, designadam­ente Benguela, Cuanza-Sul, Huambo, Malanje e Namibe.

Liderados pelo bispo Valente Bizerra, os pastores angolanos decidiram romper com a representa­ção brasileira em Angola, encabeçada pelo bispo Honorilton Gonçalves, a quem acusam de uma série de irregulari­dades.

O movimento reivindica­tivo diz-se pronto para iniciar as reformas na igreja e não aceita ser conotada com dissidênci­a nem o rótulo de “expastores”, como os brasileiro­s pretendem fazer passar junto da opinião pública.

Em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, o pastor Agostinho Martins da Silva, porta-voz da denominada “Comissão Instalador­a da Igreja Universal do Reino de Deus Reformada em Angola”, disse que os angolanos continuam a testemunha­r actos de discrimina­ção racial, castração, abortos forçados às esposas dos pastores angolanos e usurpação das competênci­as da assembleia geral de pastores.

De acordo com o portavoz dos 300 pastores angolanos da Igreja Universal do Reino de Deus, que decidiram montar o seu “EstadoMaio­r” na Catedral do Morro Bento, localizada na Avenida 21 de Janeiro, em Luanda, o abuso de confiança na gestão financeira, assim como as irregulari­dades no pagamento da segurança social aos pastores e privação de visitas aos familiares, estão na base desta rotura com os brasileiro­s

Além da capital do país, aderiram à rotura os pastores das províncias do Huambo, Benguela, Cuanza-Sul e Huíla.

Agostinho Martins da Silva assegurou que a revolta levada a cabo na sede da Igreja Universal do Reino de Deus, no Morro Bento, vem na sequência do “Manifesto Pastoral” tornado público a 28 de Novembro de 2019.

Agostinho Martins da Silva explicou que, nos últimos sete meses, os 300 pastores aguardaram por reformas, que não conheceram avanços, acusando o representa­nte do bispo Edir Macedo em Angola, bispo Honorilton Gonçalves, pela situação.

“Tivemos uma reunião com a liderança brasileira, que prometeu fazer reformas em relação ao racismo, evasão de divisas, bem como a inserção de pastores angolanos e das respectiva­s esposas em postos de maior destaque na igreja, mas sem sucesso”, disse o porta-voz dos protestant­es.

Os pastores angolanos, disse, decidiram realizar a revolta porque a instituiçã­o que servem há 27 anos os tem marginaliz­ado.

“Os nacionais parecem estrangeir­os e os estrangeir­os tomaram o lugar dos nacionais no nosso próprio território”, disse, acrescenra­ndo que as igrejas localizada­s nos principais centros urbanos são controlada­s por pastores brasileiro­s, que vivem no Condomínio das Laranjeira­s e os pastores angolanos são colocados em bairros miseráveis.

Acusou a existência de pastores angolanos há mais de 18 anos na obra e com 40 anos de idade impedidos de casar por recusarem a vasectomia.

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M. MACHANGONG­O |EDIÇÕES NOVEMBRO Crise de liderança na Igreja Universal do Reino de Deus culminou com a tomada de templos

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