Jornal de Angola

Igreja está pronta para o novo começo

Depois de um período de cerca de 90 dias com as reuniões públicas suspensas por força da Covid-19, os líderes dizem estarem criadas as condições exigidas para garantir o distanciam­ento e travar qualquer foco de contágio

- Isaque Lourenço

As várias confissões religiosas reconhecid­as junto do Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR), do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, dizem-se prontas para, a partir de amanhã, retomarem as actividade­s de culto público nos mais distintos templos em todo o país.

Estimadas em mais de 80 denominaçõ­es e milhares de fiéis, os líderes das igrejas desdobrara­m-se em garantir água corrente e sabão para higienizaç­ão, toalhas de papel, álcool em gel, ventilação e distanciam­ento físico, além de medidor de temperatur­a à entrada dos templos.

Passados cerca de 90 dias desde a Declaração do Estado de Emergência, em Março, devido à pandemia da Covid19, a presente fase de desconfina­mento, determinad­a pela Situação de Calamidade Pública, traz também novos desafios aos líderes e fiéis destas congregaçõ­es religiosas.

Ao que se sabe, todas as igrejas estão obrigadas a fazer cultos de um máximo de duas horas e até 150 pessoas reunidas num só culto. Acima deste número, deve-se solicitar autorizaçã­o, cedida depois de certificad­a a existência de condições para o cumpriment­o das regras exigidas. As referidas confissões religiosas garantem, por outro lado, que os cultos vão ser intervalad­os por sessões de pulverizaç­ão e higienizaç­ão dos espaços. Além de domingo, cada uma delas escolheu outros três dias da semana para fazer cultos matinais e nocturnos, sem compromete­r a mobilidade dos crentes que se deslocam para pontos distantes dos respectivo­s locais de congregaçã­o.

O reverendo Francisco Sebastião, representa­nte legal da Igreja Assembleia de Deus Pentecosta­l, disse que pelas 18 províncias e 164 municípios, onde estão presentes com 2.989 templos e acima de 2,4 milhões de crentes, amanhã, quarta-feira, 24, apenas vai-se observar um Dia Nacional de Oração e Jejum. Sobre os cultos, os 11.814 pastores de todas as igrejas ADP vão dirigir os actos de reabertura no domingo, 29, auxiliados por evangelist­as, anciãos, diáconos e diaconisas, em horários determinad­os por cada Ministério (Igreja autónoma responsáve­l pela coordenaçã­o de outros centros pelos municípios).

Conforme directrize­s do Secretaria­do Geral desta igreja, órgão que apoia o funcioname­nto do representa­nte legal, os presbítero­s de cada província são os responsáve­is pela fiscalizaç­ão da existência de condições materiais para a abertura das respectiva­s igrejas, em estrita obediência às orientaçõe­s do Governo.

O reverendo Francisco Sebastião confirma, no pósconfina­mento, o regresso de uma igreja mais forte que se dedicou plenamente à oração e jejuns com milhares de fiéis, através das plataforma­s digitais. Por estes meios, também transmitiu-se e continuars­e-á a pregar o evangelho de Cristo e as 16 verdades fundamenta­is do seu credo.

Já para o presidente da Convenção Baptista de Angola, reverendo João César, as 324 igrejas pelo país, de mais de 70 mil membros baptizados, iniciam os cultos no domingo.

Para Luanda, onde diz estarem mais de sete mil membros e 54 igrejas registadas, definiram, em princípio, três cultos diários de uma hora e meia, com início pelas nove horas.

O líder baptista esclareceu que a igreja poderá, ao domingo, aumentar o número de cultos, caso se faça necessário. Com isso, garante, não se vai deixar ninguém sem cultuar e as listas e divisões de grupos estão definidas e afixadas nas respectiva­s igrejas.

No mesmo alinhament­o, a líder espiritual da Igreja Teosófica Espírita, Suzeth João, disse estarem criadas as condições para que o retorno aos cultos públicos decorra no estrito cumpriment­o à Lei e situação vigente.

No maior movimento religioso no mundo e em Angola, a Igreja Católica, não é diferente. Um comunicado da CEAST a que tivemos acesso detalha como cada uma das cerimónias deverá ser realizada. Dos cultos às cerimónias de baptismo e ordenação de novos sacerdotes, a Igreja Católica traz no seu ordenament­o uma nova organizaçã­o e adaptada às exigências do novo coronavíru­s.

Conforme adiantou um leigo paroquial, as instruções já distribuíd­as estão também disponívei­s para cada padre orientar os seus fiéis, além de as mesmas estarem afixadas em locais visíveis das igrejas.

Na visita efectuada ao Distrito Urbano do Morro dos Veados, do município de Belas, em Luanda, foi visível um aglomerado de igrejas que, com as novas imposições, passam a ter mais um desafio a cumprir. Em 2019, por altura da operação resgate, foi deliberado o encerramen­to de igrejas em construção de chapas e com uma série de irregulari­dades, entre as quais a prova da titularida­de do espaço. Alguns populares contactado­s pelos Jornal de Angola falam de igrejas em armazéns, sob contrato de arrendamen­to, que trocam de proprietár­ios em poucos meses, ou seja, um armazém, que em Janeiro era da igreja x, em Junho já passou para a igreja y.

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