CARTAS DOS LEITORES
Empresas falidas
Muitas empresas angolanas estão a ir à falência, em consequência da crise sanitária e económica, prevendo-se que venha a haver nos próximos tempos um aumento significativo do desemprego, com consequências nefastas para as famílias. Não sei se as medidas preconizadas pelo Governo de apoio às empresas, em termos de concessão de crédito para financiar as tesourarias das unidades produtivas com dificuldades financeiras serão suficientes para resolver os problemas de um grande número de trabalhadores que podem correr o risco de perder os empregos. Espero que, nestes tempos de crise, o Estado, os empregadores privados e os trabalhadores devem sentar-se a uma mesma mesa e analisarem os actuais problemas, na perspectiva de se salvaguardarem os interesses de todos. Em tempo de crise, temos de ser todos razoáveis, e enfrentar os problemas com serenidade e sem egoísmos. Perante as grandes dificuldades que atravessamos, ninguém deve ter a pretensão de ganhar tudo. O país é de todos nós e todos devem desejar o melhor para a nossa Pátria, que está a ser assolada por uma pandemia, cujo término é incerto. Ao Estado não interessa o desemprego. As empresas não querem naturalmente deixar de produzir e os trabalhadores querem continuar a ter emprego. É necessário encontrar as soluções adequadas para que não se agravem os problemas das famílias, que já têm sofrido muito com a actual crise económica e sanitária. Penso que os sindicatos têm um papel importante a desempenhar em eventuais negociações entre trabalhadores e entidades patronais. Em tempo de crise, todos devem ser chamados a dar as suas contribuições.
A água e as aulas
Em principio, pretende-se que as aulas no ensino universitário e secundário reiniciem no mês de Julho, havendo uma forte discussão à volta das condições existentes nas escolas primárias públicas para o regresso das crianças
ESCREVA-NOS Cartas recebidas na Rua Rainha Ginga, 12-26 Caixa Postal 1312 - Luanda
ou por e-mail: aos seus estabelecimentos de ensino para o prosseguimento do ano lectivo. Espero que a decisão de se reiniciar as aulas seja bem ponderada, tendo em conta a situação actual das nossas escolas primárias, que têm casas de banho degradadas e não têm água corrente. A Covid-19 é uma doença perigosa e não vale a pena optar por paliativos que possam resultar em desgraças. Que se pense num plano B, se não houver condições para se reiniciarem as aulas em Julho. A saúde das pessoas deve estar acima de outros interesses. Tenho me apercebido de que há sectores que estão a pressionar para que as aulas se reiniciem no próximo mês. sem se importarem com as consequências que podem advir do facto de centenas de escolas de todo o país não terem condições higiénicas para salvaguardar a saúde de milhares de crianças e jovens em tempo de pandemia. É preciso evitar que os interesses económicos estejam acima da defesa da vida humana. O momento que vivemos requer a tomada de decisões cuidadosas. Prevenir é sempre melhor do que remediar. Temos de andar em terreno seguro, para bem de todos os angolanos.