ACNUR clama por mais abrigos para deslocados
O representante interino do Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR) para os Refugiados em Moçambique disse, ontem, que o abrigo é a principal necessidade dos deslocados devido à violência armada em Cabo Delgado, Norte de Moçambique.
“O maior desafio é o abrigo. Eles percorrem longas distâncias e a maior parte acaba por ficar em residências de amigos ou familiares”, disse Samuel Chakwera, em entrevista à agência Lusa.
O Alto Comissariado das Nações Unidas em Moçambique contabiliza um total de 211 mil pessoas deslocadas devido à violência na província de Cabo Delgado, onde, desde 2017, grupos armados extremistas têm protagonizado ataques que provocaram a morte de, pelo menos, 600 pessoas. A capital provincial (Pemba) tem sido o principal refúgio para as pessoas que procuraram abrigo e segurança em Cabo Delgado, mas há quem prefira fugir para outros lugares, incluindo
Nampula, província vizinha.
“Há situações em que mais de 20 pessoas são obrigadas a ficar numa casa com apenas duas camas”, explicou o representante interino do ACNUR, acrescentando que há desafios também na alimentação e nos cuidados de higiene. Num momento em que as escolas estão encerradas devido à Covid-19, as autoridades moçambicanas têm transformado algumas instituições de ensino em centros de acolhimento, mas o risco perante a pandemia levanta novos desafios, numa das províncias com maior número de casos do país.
Entre os deslocados, as crianças estão entre os grupos que mais preocupam o ACNUR, principalmente num momento em que a entidade foi obrigada a trabalhar a partir de Pemba, face às restrições impostas pela pandemia. As incursões armadas em Cabo Delgado, região onde avança o maior projecto para exploração de gás natural em África, já foram consideradas uma ameaça terrorista.