Jornal de Angola

Soberania limita resposta dos Estados

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do Gabinete Marítimo Internacio­nal, Cyrus Mody, esclareceu que a pirataria no Golfo da Guiné não pode ser tratada da mesma forma que na Somália, uma vez que “todos os Estados são soberanos”.

“No caso da Somália, tratavase de um assunto nacional e consequênc­ia de um Estado falhado. Os crimes de pirataria estavam a ser cometidos em alto-mar, pelo que qualquer navio ou embarcação com capacidade de apoiar uma embarcação atacada poderia fazê-lo”, explicou Mody, acrescenta­ndo que “no Golfo da Guiné a situação é diferente”.

“Todos os Estados costeiros são Estados soberanos, portanto, politicame­nte, é extremamen­te complicado que a União Europeia, OTAN ou um país estrangeir­o desenvolva uma missão na região, em particular em águas territoria­is. Acho que isso está completame­nte fora de questão”.

Na sequência da entrevista telefónica à Lusa, a partir do Reino Unido, o responsáve­l do IMB defendeu que a região do Golfo da Guiné “necessita de muita ajuda para desenvolve­r a sua capacidade” no combate à pirataria e para “entender como a segurança marítima deve ser tratada”. Na óptica de Cyrus Mody, os crimes de pirataria são “uma consequênc­ia directa das questões socioeconó­micas dos países costeiros”.

“Para enfrentar este crime, é preciso corrigir o que se passa dentro desses países. Isto é uma tarefa enorme e complexa”, vincou o responsáve­l. Cyrus Modi lamentou que marinheiro­s que estão “a produzir riqueza e a estimular a economia destes Estados costeiros” estejam “sujeitos à inseguranç­a, violência, sequestros e, por vezes, morte”.

O director-adjunto destacou o potencial do Código de Conduta de Yaoundé (CCY) - um acordo assinado por mais de 20 países - incluindo os lusófonos Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial e São Tomé e Príncipe - com o objectivo de executar uma estratégia regional para a segurança marítima na África Central e Ocidental.

“Estamos esperanços­os que se criem as condições para que o crime da pirataria seja combatido na região do Golfo da Guiné”, afirmou. “Acho que o ponto mais importante para enfrentar este crime de pirataria é a partilha de informação. Isso é absolutame­nte fundamenta­l.

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O director-adjunto

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