Dirigente do PAIGC aparece e é julgado
O dirigente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) Armando Dias Correia, interpelado no sábado, deveria ser ontem presente a tribunal, disse aos jornalistas o advogado Suleimane Cassamá.
Armando Dias Correia, membro do Comité Central do PAIGC e um conhecido empresário guineense, está desde sábado na segunda esquadra de Bissau, depois de ter sido raptado por homens à civil e com “fardas azuis” quando seguia numa viatura acompanhado de Anaximandro Zylene Casimiro Menut, antigo secretário de Estado do Governo de Aristides Gomes, e do deputado Wasna Papai Danfa.
O antigo secretário de Estado e o deputado do PAIGC acusam os homens fardados de terem colocado um saco com armas na viatura.
“Vimos um senhor de estatura baixa, igualmente trajado à civil, a introduzir dentro da minha viatura um saco (tipo saco de arroz) com armas, que suponho ser AK, pela ponta que era visível no saco”, refere o antigo secretário de Estado numa explicação sobre o ocorrido, divulgada nas redes sociais.
O advogado de Armando Correia Dias foi impedido durante todo o dia de sábado de visitar o dirigente do partido, apenas conseguindo estar com ele no domingo, com o apoio das Nações Unidas.
Em declarações aos jornalistas, Suleimane Cassamá afirmou que se trata de “sequestro” e confirmou que o empresário, conhecido por N'Dinho, “está bem”.
“Nada justifica este sequestro e nada justifica esta situação. Já há violação flagrante dos direitos fundamentais”, disse o advogado, salientando desconhecer a acusação.
Armando Correia Dias foi levado para a segunda esquadra em Bissau sem um mandado e também não foi notificado.
No sábado, ao final do dia, o irmão do dirigente do PAIGC também foi detido.
O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Augusto Mário Silva, também confirmou que N’Dinho se encontra bem, “dentro do que é o padrão normal de tratamento de reclusos”, mas disse desconhecer os motivos da sua detenção.
A Guiné-Bissau está a viver um período de especial tensão política, com o Parlamento guineense dividido em dois blocos e ambos a reivindicarem a maioria parlamentar e a defenderem o seu direito de formar Governo.