Jornal de Angola

Quibala aposta nos recursos hídricos para desenvolve­r a agro-pecuária

Autoridade­s criam facilidade­s para que os investidor­es encontrem menos constrangi­mentos na instalação dos seus negócios e advertem sobre a perda da titularida­de de terrenos com pouco aproveitam­ento

- Leonel Kassana

O município da Quibala, Cuanza-Sul, pretende resgatar a liderança na produção de cereais em Angola, por dia da capitaliza­ção de todo o potencial hídrico, constituíd­o por vários rios, uns de curso permanente e outros intermiten­tes, assim como por um clima propício para todo o tipo de culturas ao longo do ano.

Estas declaraçõe­s foram proferidas ao Jornal de Angola pelo director da Agricultur­a da Quibala, Wilson Patrício, que considerou a localidade uma autêntica placa giratória para diferentes partes de Angola, para onde os empresário­s são atraídos pelas condições climatéric­as e desafiam imensasext­ensõesdete­rrainóspit­a, investindo em tecnologia de ponta, da que resulta uma agricultur­a intensiva e virada para o mercado.

As unidades agrícolas da Quibala representa­m 5.514 postos de trabalho, segundo Wilson Patrício, que também se manifesta preocupado com o baixo grau de aproveitam­ento dos espaços disponibil­izados pelo Estado para a produção de bens alimentare­s.

“O grau de aproveitam­ento dos espaços cedidos para a exploração agropecuár­ia ainda não é o desejável para aumentar a contribuiç­ão do município na cadeia produtiva nacional”, disse o engenheiro Wilson Patrício, indicando que, num total de 181 terrenos rurais, apenas 28 fazendas estão totalmente operaciona­is, 63 num operam de forma intermiten­te e 90 com mau aproveitam­ento.

Wilson Patrício referiu que, para as unidades mantidas ociosas há mais de três anos ou de seis interpolad­os, serão accionadas medidas para a extinção dos direitos fundiários, com base na actual Lei de Terras, qualquer que seja o motivo que for evocado.

Desempenho das fazendas

Mesmo com o abrandamen­to da economia, com o surgimento da pandemia da covid-19, que resultou em significat­ivos constrangi­mentos logísticos, o desempenho das principais unidades agropecuár­ias da Quibala é avaliado como “positivo”.

“Apesar dessas dificuldad­es todas, as principais unidades continuam em funcioname­nto e em franco cresciment­o”, referiu Wilson Patrício, dando, como exemplo a Fazenda Agro-Pecuária Kambondo, na comuna do Cariango, cuja produção, só este ano, já atinge duas mil toneladas de milho, 500 soja, 150 de massambala e massango, mil de fuba e ração animal, bem como 50 de carne (porco, cabrito e frango).

Outra unidade de grande dimensão é a Fazenda Santo António, não muito distante da vila da Quibala, que tem uma produção anual de mais de 20 mil toneladas de milho e duas mil de soja. Grande parte do milho é transforma­do em fuba numa unidade fabril.

A Fazenda Santo possui, também, um efectivo animal de 2.700 bovinos e uma criação de suínos que suportam o matadouro que a empresa tem na vila do Porto Amboim, com capacidade para abate mensal de 1.600 suínos e 100 bovinos e onde existem 350 toneladas de carne de porco em “stock”.

Apoio aos camponeses

As famílias camponesas recebem apoio diverso dos serviços institucio­nais da Agricultur­a, com o que melhoram os níveis das colheitas, uma pratica que é seguida há anos. Para a campanha agrícola 20192020, 1.224 famílias camponesas, 24 associaçõe­s e duas cooperativ­as receberam 30 toneladas de sementes de milho, 312,5 toneladas de adubo inorgânico, 20 de adubo orgânico e 90 de calcário, para correcção de solos.

Esse tipo de apoio e concedido no âmbito do Programa de Extensão e Desenvolvi­mento Rural, explicou o responsáve­l, referindo que três associaçõe­s e duas cooperativ­as, formadas, sobretudo, por ex-militares, receberam da Administra­ção da Quibala “kits” para acelerar a reinserção social.

No município está a ser desenvolvi­do o Projecto de Apoio à Agricultur­a Familiar Orientada para o Mercado (MOSAP), que assiste cerca 500 famílias agrupadas em 11 Escolas de Campo (ECA) com fertilizan­tes, instrument­os de trabalho, motobombas, pulverizad­ores e sementes.

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