Intenção de mandado de captura “é injustificada”
A emissão de um mandado de captura internacional contra Isabel dos Santos “é injustificada”, já que tem havido “plena e absoluta disponibilidade” para estar em contacto com os tribunais, segundo uma fonte próxima da empresária.
“Tem havido uma plena e absoluta disponibilidade da senhora engenheira Isabel dos Santos, através dos seus advogados, para se manter em permanente contacto com os tribunais e os processos existentes nos vários países, pelo que é manifestamente injustificada a pretensão da Procuradoria-Geral da República de Angola de emitir um mandado de captura internacional”, declarou a fonte à Lusa.
Na quinta-feira, o procurador-geral da República, Hélder Pitta Gróz, admitiu a possibilidade de avançar, “em coordenação com as entidades judiciárias portuguesas”, para a emissão de um mandado de captura contra a empresária Isabel dos Santos, investigada “por branqueamento de capitais”.
Processos cíveis e criminais
Isabel dos Santos está a ser investigada em Angola no âmbito de processos de natureza cível e criminal, nos quais o Estado reivindica valores superiores a cinco mil milhões de dólares.
A empresária foi alvo de um arresto de contas bancárias e participações sociais em Angola, tendo sido, também, arrestadas participações relativas a várias empresas em Portugal.
Isabel dos Santos, que nega todas as acusações e diz ser alvo de um “ataque com motivação política”, afirmou, anteriormente, que pretende contestar junto do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos a decisão de arresto de bens, pela justiça portuguesa, tomada com base no processo da PGR.
Em Dezembro de 2019, o Tribunal Provincial de Luanda decretou o arresto preventivo de contas bancárias pessoais de Isabel dos Santos, do marido, o congolês Sindika Dokolo, e do português Mário da Silva, além de nove empresas nas quais a empresária detém participações sociais, por alegados negócios privados que terão lesado o Estado angolano.
Em Janeiro, o Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou, também, mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de ‘Luanda Leaks’, que detalham alegados esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário angolano através de paraísos fiscais.
Nos últimos dias, o Ministério Público português fez várias buscas em Lisboa, na zona do Porto e no Algarve, no âmbito da investigação à empresária angolana.
Isabel dos Santos tem usado a sua conta no Twitter para desmentir as notícias veiculadas nos últimos dias na comunicação social portuguesa, negando que exista dinheiro do Estado angolano nas suas contas, nas das suas empresas e nas do seu marido.