“Novas aeronaves trazem equilíbrio à frota da TAAG”
A TAAG - Linhas Aéreas de Angola apresenta, na segunda-feira, um novo logótipo, com a chegada a Luanda da primeira das seis aeronaves do tipo Dash8400, adquiridas à companhia canadiana “De Havilland of Canada Limited”. Com a diversificação da frota, a companhia tem em mira a redução dos custos operacionais e a extensão do acesso aos voos domésticos a pessoas de baixa renda. Em entrevista exclusiva ao Jornal de Angola, Rui Carreira, presidente da Comissão Executiva da empresa, fala do plano de reestruturação e das medidas adoptadas para a mitigação dos efeitos da pandemia, que incluem o encerramento de rotas deficitárias
Com o anúncio da chegada a Luanda, na segunda-feira, da primeira das seis aeronaves do tipo Dash-8, crescem as expectativas à volta da nova aquisição da TAAG. Que vantagens se podem esperar deste negócio para a companhia, mas sobretudo para o país? A primeira grande vantagem é para o país. E se é bom para o país, é bom para a TAAG. Trata-se da diversificação da frota. Com uma frota mais diversificada, vamos ter a possibilidade de ir à procura de novos mercados. Esta aeronave está adaptada a segmentos de curtas distâncias e tem baixos custos operacionais. Quando falamos em baixos custos operacionais estamos a falar, essencialmente, da possibilidade de baixar o preço dos bilhetes, permitindo o acesso ao transporte aéreo a pessoas de baixa renda.
A compra da nova frota acontece numa altura em que a TAAG tem em marcha um plano de reformas. Onde se encaixa a aquisição dos novos aparelhos na estratégia de reestruturação da empresa?
Um dos objectivos principais do nosso plano de reestruturação e reformas é o equilíbrio financeiro da empresa. E o equilíbrio financeiro depende, entre outros factores, do equilíbrio da frota. Nesse momento, a nossa frota não está equilibrada. Para ter uma ideia, basta dizer-lhe que temos 22 destinos de médio curso e quatro de longo curso, mas temos mais aviões de longo curso do que de médio curso, o que mostra, claramente, a falta de equilíbrio na frota. Com a aquisição de mais aviões de médio curso, a nossa frota ganha equilíbrio. E o equilíbrio da frota permite o equilíbrio financeiro da empresa.
Com a chegada da nova frota os Boeing saem das rotas domésticas?
Paulatinamente, sim. um dos grandes objectivos é tirar os Boeings das rotas domésticas. Nas rotas domésticas, só vamos utilizar aparelhos de grande porte lá onde a taxa de ocupação justificar, como é o caso de Cabinda, para onde fazemos três voos diários e sempre cheios. Aí nem vale a pena pensar num avião mais pequeno. Mas destinos como Cuito, Menongue,
Dundo, Saurimo e Luena, onde as taxas de ocupação são muito baixas, justificase o uso de aeronaves de menor porte.
Do ponto de vista operacional, que vantagens explicam a opção pelas aeronaves do tipo Dash 08?
Nós fizemos um concurso. O que pesou na escolha deste modelo foram essencialmente questões operacionais. É uma aeronave rápida. Tem quase a performance de um avião a jacto e tem os custos operacionais muito baixos, alinhados com os aviões da classe turbohélice. É uma aeronave adaptada para curtas distâncias, com “aptidões” para pistas curtas, aeroportos de altitude elevada, como os do Huambo e Lubango. Mas também pelo preço. Pesamos todos os factores. É uma opção que resulta de um estudo já bastante antigo e que foi actualizado. Tanto os anteriores como os de agora penderam sempre para esse modelo.
Informações em posse do Jornal de Angola dão conta de que o primeiro aparelho do tipo Dash-08 400Q a aterrar em Luanda apresentar-se-á com a nova logomarca da TAAG. Em que difere da actual?
As cores não mudam. Os traços são mais delgados e a Palanca aparece um pouco maior. Nós queremos que essa modernidade simbolize uma nova TAAG, uma TAAG mais moderna, com uma nova postura perante os clientes, com um novo posicionamento no mercado, com aspiração de entrar para o top 5 das companhias aéreas africanas.
O atraso na chegada da primeira aeronave, a repercutir-se no calendário da chegada das outras, para quando a vinda dos demais aparelhos?
Não vai haver repercussões. Com a Covid-19, o fabricante fechou a linha de produção. Estabelecemos um calendário, em que reafirmámos os prazos inicialmente previstos. Portanto, a chegada da segunda aeronave estava aprazada para meados de Julho e assim vai ser. As outras quatro aeronaves, só depois de Outubro.
Então, é ponto assente que até ao final do ano, a TAAG tem a totalidade dos aparelhos?
Não é certo. O que é certo é que vamos ter na segundafeira a primeira aeronave e a segunda no próximo mês. A chegada das outras vai depender das restrições que a pandemia está a colocar em todo o mundo e a forma como o fabricante vai lidar com isso.
Consta que a fabricante das aeronaves prestou serviços de capacitação a 72 técnicos de manutenção, 42 pilotos, 36 comissários de bordo e quatro oficiais de operações de voo. Isto implicou custos adicionais ou foi coberto pelos 118 milhões de dólares, que correspondem ao orçamento global da operação?
Está tudo dentro do pacote. A formação destes técnicos já teve início. Foi interrompida devido à pandemia, mas deve reiniciar dentro em breve. A fabricante comprometeu-se a capacitar 72 técnicos de manutenção, 42 pilotos, 36 comissários de bordo e 4 de operações de voo. Se a TAAG quiser mais, tem de pagar.
E a TAAG há-de precisar mais?
Sim. Pode precisar de mais pilotos. Com 42 forma 21 equipas de tripulação e com 21 par de tripulantes cobre 3 a 4 aeronaves. Quer dizer que quando os seis aparelhos estiverem em pleno uso, a companhia pode precisar de um número superior a este.
Mas ou menos o dobro? Talvez.