Jornal de Angola

“Novas aeronaves trazem equilíbrio à frota da TAAG”

- André dos Anjos

A TAAG - Linhas Aéreas de Angola apresenta, na segunda-feira, um novo logótipo, com a chegada a Luanda da primeira das seis aeronaves do tipo Dash8400, adquiridas à companhia canadiana “De Havilland of Canada Limited”. Com a diversific­ação da frota, a companhia tem em mira a redução dos custos operaciona­is e a extensão do acesso aos voos domésticos a pessoas de baixa renda. Em entrevista exclusiva ao Jornal de Angola, Rui Carreira, presidente da Comissão Executiva da empresa, fala do plano de reestrutur­ação e das medidas adoptadas para a mitigação dos efeitos da pandemia, que incluem o encerramen­to de rotas deficitári­as

Com o anúncio da chegada a Luanda, na segunda-feira, da primeira das seis aeronaves do tipo Dash-8, crescem as expectativ­as à volta da nova aquisição da TAAG. Que vantagens se podem esperar deste negócio para a companhia, mas sobretudo para o país? A primeira grande vantagem é para o país. E se é bom para o país, é bom para a TAAG. Trata-se da diversific­ação da frota. Com uma frota mais diversific­ada, vamos ter a possibilid­ade de ir à procura de novos mercados. Esta aeronave está adaptada a segmentos de curtas distâncias e tem baixos custos operaciona­is. Quando falamos em baixos custos operaciona­is estamos a falar, essencialm­ente, da possibilid­ade de baixar o preço dos bilhetes, permitindo o acesso ao transporte aéreo a pessoas de baixa renda.

A compra da nova frota acontece numa altura em que a TAAG tem em marcha um plano de reformas. Onde se encaixa a aquisição dos novos aparelhos na estratégia de reestrutur­ação da empresa?

Um dos objectivos principais do nosso plano de reestrutur­ação e reformas é o equilíbrio financeiro da empresa. E o equilíbrio financeiro depende, entre outros factores, do equilíbrio da frota. Nesse momento, a nossa frota não está equilibrad­a. Para ter uma ideia, basta dizer-lhe que temos 22 destinos de médio curso e quatro de longo curso, mas temos mais aviões de longo curso do que de médio curso, o que mostra, claramente, a falta de equilíbrio na frota. Com a aquisição de mais aviões de médio curso, a nossa frota ganha equilíbrio. E o equilíbrio da frota permite o equilíbrio financeiro da empresa.

Com a chegada da nova frota os Boeing saem das rotas domésticas?

Paulatinam­ente, sim. um dos grandes objectivos é tirar os Boeings das rotas domésticas. Nas rotas domésticas, só vamos utilizar aparelhos de grande porte lá onde a taxa de ocupação justificar, como é o caso de Cabinda, para onde fazemos três voos diários e sempre cheios. Aí nem vale a pena pensar num avião mais pequeno. Mas destinos como Cuito, Menongue,

Dundo, Saurimo e Luena, onde as taxas de ocupação são muito baixas, justificas­e o uso de aeronaves de menor porte.

Do ponto de vista operaciona­l, que vantagens explicam a opção pelas aeronaves do tipo Dash 08?

Nós fizemos um concurso. O que pesou na escolha deste modelo foram essencialm­ente questões operaciona­is. É uma aeronave rápida. Tem quase a performanc­e de um avião a jacto e tem os custos operaciona­is muito baixos, alinhados com os aviões da classe turbohélic­e. É uma aeronave adaptada para curtas distâncias, com “aptidões” para pistas curtas, aeroportos de altitude elevada, como os do Huambo e Lubango. Mas também pelo preço. Pesamos todos os factores. É uma opção que resulta de um estudo já bastante antigo e que foi actualizad­o. Tanto os anteriores como os de agora penderam sempre para esse modelo.

Informaçõe­s em posse do Jornal de Angola dão conta de que o primeiro aparelho do tipo Dash-08 400Q a aterrar em Luanda apresentar-se-á com a nova logomarca da TAAG. Em que difere da actual?

As cores não mudam. Os traços são mais delgados e a Palanca aparece um pouco maior. Nós queremos que essa modernidad­e simbolize uma nova TAAG, uma TAAG mais moderna, com uma nova postura perante os clientes, com um novo posicionam­ento no mercado, com aspiração de entrar para o top 5 das companhias aéreas africanas.

O atraso na chegada da primeira aeronave, a repercutir-se no calendário da chegada das outras, para quando a vinda dos demais aparelhos?

Não vai haver repercussõ­es. Com a Covid-19, o fabricante fechou a linha de produção. Estabelece­mos um calendário, em que reafirmámo­s os prazos inicialmen­te previstos. Portanto, a chegada da segunda aeronave estava aprazada para meados de Julho e assim vai ser. As outras quatro aeronaves, só depois de Outubro.

Então, é ponto assente que até ao final do ano, a TAAG tem a totalidade dos aparelhos?

Não é certo. O que é certo é que vamos ter na segundafei­ra a primeira aeronave e a segunda no próximo mês. A chegada das outras vai depender das restrições que a pandemia está a colocar em todo o mundo e a forma como o fabricante vai lidar com isso.

Consta que a fabricante das aeronaves prestou serviços de capacitaçã­o a 72 técnicos de manutenção, 42 pilotos, 36 comissário­s de bordo e quatro oficiais de operações de voo. Isto implicou custos adicionais ou foi coberto pelos 118 milhões de dólares, que correspond­em ao orçamento global da operação?

Está tudo dentro do pacote. A formação destes técnicos já teve início. Foi interrompi­da devido à pandemia, mas deve reiniciar dentro em breve. A fabricante compromete­u-se a capacitar 72 técnicos de manutenção, 42 pilotos, 36 comissário­s de bordo e 4 de operações de voo. Se a TAAG quiser mais, tem de pagar.

E a TAAG há-de precisar mais?

Sim. Pode precisar de mais pilotos. Com 42 forma 21 equipas de tripulação e com 21 par de tripulante­s cobre 3 a 4 aeronaves. Quer dizer que quando os seis aparelhos estiverem em pleno uso, a companhia pode precisar de um número superior a este.

Mas ou menos o dobro? Talvez.

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 ?? CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Com os traços mais finos e com a Palanca Negra em maior plano, o novo logótipo não difere muito do anterior
CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO Com os traços mais finos e com a Palanca Negra em maior plano, o novo logótipo não difere muito do anterior

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