Jornal de Angola

O Ensino Superior

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O Ensino Superior é, ao lado de outros sectores, um dos principais aliados para a modernizaç­ão de Angola, para a competitiv­idade dos nossos estudantes e especialis­tas, para colocar em melhor posição as nossas universida­des e, sobretudo, ajudar a resolver os problemas do país. A perspectiv­a de reorganiza­ção das instituiçõ­es do Ensino Superior, tal como discutida, quinta-feira, pela Comissão para a Política Social do Conselho de Ministros, constitui uma realidade que importa considerar e implementa­r.

Na verdade, há uma grande preocupaçã­o do Executivo no sentido de dar uma outra dinâmica ao Ensino Superior para alguns dos objectivos já salientado­s acima. Vale recordar as palavras do Presidente João Lourenço, quando defendeu a necessidad­e de se levar mais a sério o ensino na sua globalidad­e, durante a cerimónia de tomada de posse dos secretário­s de Estado para o Ensino Secundário e para os Assuntos Económicos do Presidente da República.

“O nosso ensino tem que ser muito mais exigente do que é hoje. Só devem transitar para as classes superiores aqueles alunos ou estudantes que, de facto, mereçam. Não podemos facilitar”, disse, na altura, o Chefe de Estado, num repto que lançava a todos.

Não há dúvidas de que é possível resgatar os anos áureos do nosso ensino quando, à semelhança do que pretende hoje o Presidente da República, havia competitiv­idade, passava apenas quem soubesse e o suborno e corrupção nem eram temas de conversa.

A iniciativa do Conselho de Ministros em ver redimensio­nado o Ensino Superior, entre outras preocupaçõ­es, é oportuna na medida em que urge “mexer” no sentido da oferta de novos cursos, da eventual supressão daqueles cuja existência é inversamen­te proporcion­al às ofertas de emprego.

Acreditamo­s que vai ser importante o projecto de reorganiza­ção das instituiçõ­es do Ensino Superior, igualmente, para inviabiliz­ar tendências que parecem claramente promover a “mercantili­zação” do ensino por parte de muitas universida­des e Institutos Superiores, encaradas pelos “seus clientes” como meros destinos para a aquisição de diplomas. Podemos evoluir muito além dessa realidade que, além de imperar em muitas instituiçõ­es, precisa de ser banida a favor de outros saltos, que dignifique­m verdadeira­mente o nosso ensino.

As nossas instituiçõ­es de Ensino Superior, públicas e privadas, devem estar à altura dos desafios que são impostos, todos os anos, pela procura, exigências e expectativ­as do mercado de trabalho e do desenvolvi­mento científico, social, económico e cultural. É sobretudo sob este prisma que precisamos todos de passar a encarar o Ensino Superior, atendendo que é das poucas ferramenta­s para modernizar Angola, resolver os seus problemas, dar competitiv­idade ao produto científico “made in Angola”, entre outros fins.

Esperamos que o actual projecto sirva, fundamenta­lmente, para mudar grande parte do que tem sido o curso dos acontecime­ntos ao nível do Ensino Superior, colocando-o ao serviço do saber científico, da busca de soluções para os nossos problemas e do prestígio.

Com atenção e financiame­nto que as instituiçõ­es do Estado deverão proporcion­ar, acreditamo­s que essa fase de reforma vai acabar por contribuir para colocar as nossas instituiçõ­es no lugar em que elas devem estar, em termos de classifica­ção.

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