As Redes Sociais e o impacto na informação sobre o novo coronavírus
Nos dias que correm, o mundo tem experimentado novas formas de se relacionar, o confinamento social passou a ser, para muitos, um imperativo para resistir do novo coronavírus, abreviadamente, Covid-19. Com isso, os indivíduos e os cidadãos são obrigados a adoptarem novas formas ante o inimigo invisível. O objectivo desta reflexão é analisar o impacto das redes sociais na divulgação de informação para prevenir e combater o novo coronavírus na sociedade digital.
A Internet na sociedade da informação tem potenciado novas formas de se estabelecer contactos, através da relação digital (contacto virtual) entre diferentes actores sociais, instituições, governos, organizações e particularmente entre as pessoas e famílias. As redes sociais passaram a ser o lugar propício para este encontro, tão próximo e actuante.
As redes sociais, enquanto estrutura formada pelos relacionamentos entre os actores sociais, através da conexão de Internet, permitem a troca de informação em tempo útil. As pessoas, as organizações, bem como as instituições interagem simultaneamente. Ou seja, o acesso às redes sociais ajuda a disseminar, divulgar e partilhar informação a todos os níveis, as plataformas digitais e busca são, no todo, uma ferramenta prática na sociedade de informação e de conhecimento.
As redes sociais, em tempo da Covid-19, passaram a ser a ossatura da vida social. Estas têm proporcionado aos utilizadores dinâmicas inovadoras, no sentido positivo (informação social) e no sentido negativo (desinformação social). Como se pode observar, as mensagens, os vídeos e os posts que transitam e circulam nas redes sociais como Facebook, Twitter, Whatsapp, YouTube, Instagram, etc., bem como nas plataformas digitais e de busca como a Google, Yahoo, Microsoft Edge e Mozilla entre outros.
No sentido positivo, as redes sociais têm sido uma grande ferramenta de disseminação de informação. Com mais de 1 bilhão de utilizadores activos diariamente, as redes sociais tornaram-se o maior veículo de transmissão de informações em relação à media convencional. Com esse estatuto, estas tornam-se o veículo de transmissão e disseminação, mais rápida e abrangente, de informações sobre a prevenção e protecção contra o novo coronavírus, devido à alta conectividade comunitária. Portanto, as redes sociais têm apoiado na divulgação e disseminação de notícias sobre a contaminação, propagação e prevenção da pandemia, as várias experiências realizadas nos cinco continentes, o trabalho dos especialistas, médicos, enfermeiros e voluntários. Ou seja, estas plataformas oferecem técnicas e estratégias de contenção da Covid-19 que podem ser partilhadas entre países ou comunidades. Por esta razão, as redes sociais têm substituído a media tradicional, dada a sua velocidade e capacidade de disseminação.
No sentido negativo, as redes sociais têm um número elevado de utilizadores, isso implica que uma informação pode chegar a milhões de pessoas, seja ela positiva ou negativa. Com isso, quero dizer que o índice de desinformação nas redes sociais sobre a Covid-19 tende a ser muito alto, devido ao número de pessoas conectadas a essas plataformas, levando, assim, à desinformação em grande escala. A falta de filtragem e controlo de informações nessas plataformas são as razões que levam ao aumento de tais práticas, causando um impacto psicológico negativo na sociedade, levando um grupo de pessoas a ignorar a situação de calamidade em que o mundo vive hoje.
Contudo, a desinformação dá lugar a irresponsabilidade, infunde o temor e terror às pessoas, porque julgam que o que está a ser difundido é a verdade dos factos, quando é totalmente falsa a informação veiculada. Estas podem levar a uma crise social de informação. Portanto, a propagação de boatos, calúnias e fake news representam uma grande irresponsabilidade, causando enormes danos à vida das pessoas individuais e colectivas (enquanto utilizadores).
Por exemplo, o acatamento das medidas de segurança determinadas pelas autoridades sanitárias ou governamentais, para o combate da pandemia (cuidados de saúde, a higiene das mãos, a administração de fármacos, o uso de máscaras, entre outros), são contrariadas com informações falsas, apelando o não acatamento de tais medidas. Tal é o caso, por exemplo, de afirmações de que “os menores não são contaminados pelo vírus da Covid-19”, oudeque“onovocoronavírus é apenas um perigo para os idosos”. Ou que os “povos africanos não são afectados pela pandemia ou são resilientes ao contágio” etc., este tipo de informação pode pôr vidas humanas em perigo e risco.
Outro exemplo, mais de 2000 artigos sobre o novo coronavírus que circulam nas redes sociais são potencialmente desinformantes. Fake news, publicações enganosas, vídeos falsos e enganosos são divulgados todos os dias através das redes sociais. Por que razão? A mentalidade enganosa e fraudulenta de alguns proponentes, a busca de lucros ou de benefícios ocultos e difusos são algumas das causas. Existem, também, publicações enganosas elaboradas sobre a pandemia para a obtenção de vantagens políticas.
Nesta fase, urge a necessidade de adoptarmos condutas proactivas e responsáveis de modo a combaterse, adequadamente, esta pandemia, que assola a todos sem discriminação de povo, língua, cultura, religião ou crença ou nível de desenvolvimento. Portanto, as redes sociais e as plataformas digitais, enquanto parte da rede aberta e da infra-estrutura global da informação,impõeaosusuáriosumagirmaisresponsável e ético, para evitar comportamentos desviantes que ponham em risco e afectem milhares de pessoas.
Não podemos esquecer que todos somos agentes activos e passivos da informação (procurar, receber, divulgar e disseminar) em tempos de Covid-19. As redes sociais, como ferramenta e caminho, devem ser fontes dignas, maior relevo nesta Situação de Calamidade Pública, para salvar vidas.
Por último e não menos importante, as redes sociais e as plataformas digitais e de busca devem servir de apoio para a prevenção, controlo e o combate da pandemia, e não ter um fim inconfesso, nem desinformar, tendo como limite o respeito à dignidade da pessoa humana.
Não podemos esquecer que todos somos agentes activos e passivos da informação (procurar, receber, divulgar e disseminar) em tempos de Covid-19. As redes sociais, como ferramenta e caminho, devem ser fontes dignas, maior relevo nesta situação de calamidade pública, para salvar vidas
*Mestre em Direito Docente universitário Pesquisador na área do Direito Internacional Público, Direito das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação