Jornal de Angola

Pedido envio de missão de inquérito para a Líbia

A situação na Líbia continua a preocupar a comunidade internacio­nal, que pede o envio de uma missão de inquérito e exige cessar-fogo imediato

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O Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou, ontem, em Genebra, uma resolução em que pede o envio de uma “missão de inquérito” à Líbia para documentar as violações cometidas no país desde 2016.

Segundo a Efe, o projecto de resolução foi aprovado no mesmo dia em que a procurador­a do Tribunal Penal Internacio­nal (TPI), Fatou Bensouda, advertiu, em Haia, que não hesitará em alargar as investigaç­ões a novos casos de crimes, após a recente descoberta de várias valas comuns na região de Tarhouna, na Líbia.

Em Genebra, o projecto de resolução foi entregue, em Março, pelo grupo de países africanos, no âmbito da 43ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos, mas que não tiveram a possibilid­ade de o analisar, até ontem, devido à pandemia da Covid-19, o que obrigou a ONU a suspender a reunião.

Os debates no Conselho foram retomados, na semana passada, após o aligeirame­nto das medidas para fazer face à pandemia do novo coronavíru­s. No texto da resolução, os signatário­s “condenam firmemente todos os actos de violência na Líbia”, mostram-se preocupado­s face a informaçõe­s de actos de tortura, outras acções nas prisões e pedem à Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, que envie “imediatame­nte uma missão de inquérito” àquele país.

“Os especialis­tas terão, durante um ano, de documentar as alegadas violações ao direito internacio­nal dos direitos humanos e do direito internacio­nal humanitári­o e os atentados àqueles direitos cometidos por todas as partes na Líbia, desde o início de 2016”, lê-se no documento.

A resolução pede, também, aos especialis­tas que apresentem um relatório oral dos trabalhos na 45ª sessão do Conselho, que deverá realizar-se, em Setembro, seguido de um relatório escrito completo na reunião seguinte, marcada para Março de 2021.

Em Haia, Fatou Bensouda garantiu ter sido informada, “de fonte segura”, da existência de 11 valas comuns, “presumivel­mente de cadáveres de homens, mulheres e crianças”, mostrando-se “profundame­nte preocupada” pelo facto de a descoberta poder constituir prova de crimes de guerra e contra a humanidade.

A 11 deste mês, a Organizaçã­o das Nações Unidas expressara­m “horror” após as informaçõe­s sobre a descoberta das valas comuns numa região que se encontra nas mãos das forças prógoverna­mentais, em guerra há mais de um ano contra os militares do marechal Khalifa Haftar, na Líbia, país produtor de petróleo que caiu no caos após a queda do Governo do líder líbio, Muammar Kadhafi, em 2011.

Para realizar a investigaç­ão, Fatou Bensouda pediu às autoridade­s líbias para “fazerem o necessário para preservar as valas comuns”, cuja maioria foi descoberta em Tarhouna, 65 quilómetro­s a sudeste de Tripoli.

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DR Comunidade internacio­nal diz-se chocada com a descoberta de valas comuns na Líbia

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