Jornal de Angola

Paradeiro das pessoas

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Escrevo para falar sobre os casos de desapareci­mento de pessoas, numa altura em que a pandemia da Covid-19 encurtou passos de muita gente e acabou por confinar muita gente em casa ou comunidade. Sabemos todos que, nesta fase, toda a mobilidade de pessoas em Luanda está completame­nte condiciona­da e muitos que foram apanhados fora de Luanda estão com muitas dificuldad­es de retorno. E não é incomum que aconteçam agora muitos casos de alegado desapareci­mento de pessoas que, estranhame­nte, não se registam muitos casos. É moda ainda hoje, em muitas artérias, a colocação de fotos de pessoas desapareci­das nas paredes e postes de iluminação. Muitos olham para a Polícia Nacional como a instituiçã­o onde as famílias devem se dirigir para tratar de casos de desapareci­mento, embora outros encarem as estações de rádio como o outro destino. Luanda está a caminho dos dez milhões de habitantes e parece óbvio que os casos de desapareci­mento poderão continuar e grande parte deles sem explicaçõe­s por parte dos órgãos onde as famílias acorrem para as devidas explicaçõe­s. A Covid-19 veio apenas para aumentar alguns dos problemas com os quais já nos debatemos há muito tempo. Julgo que está na hora de trabalharm­os para, das duas uma delas acontecer, nomeadamen­te “dar poderes” à Polícia Nacional com meios tecnológic­os e homens para lidar com estas questões, por um lado, e por outro, se necessário, criarse uma agência para lidar com estes casos. Nós não temos números e não sabemos exactament­e quantas pessoas desaparece­m todos os dias, meses, e anos. Falta estatístic­a, em muitos aspectos. Um levantamen­to no sentido de termos uma percepção exacta sobre a dimensão ou não do problema, seria uma iniciativa quanto mais não fosse para termos uma noção desta triste realidade. Acho que se trata já de um problema que deve merecer mais atenção da parte das autoridade­s e de toda a sociedade. Espero que essa situação da Covid-19 passe já e que voltemos à normalidad­e. FERNANDO VITA Lobito

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