Uíge procura travar entrada de casos positivos da Covid-19
A entrada somente é permitida aos utentes de declarações que autorizem a deslocação em serviço ou a viaturas contendo mercadorias
Os casos positivos que se registam na província do CuanzaNorte obrigaram as autoridades da província do Uige a impedir a entrada de viaturas provenientes desta circunscrição, precisamente do municÍpio de Ambaca, desde sábado último, 28 de Julho.
“Recebemos um telefonema do nosso comandante municipal a orientar-nos para impedir a entrada das viaturas provenientes do município vizinho de Ambaca ou do resto da província do Cuanza-Norte”, explicou um dos agentes das forças de defesa e segurança em serviço no posto fronteiriço de Kindandu, interpelado pelo Jornal de Angola.
De acordo com os efectivos, a restrição foi orientada após o conhecimento de um dos quatro casos positivos registados no Cuanza-Norte, anunciados no dia 27 de Junho, em que um dos infectados reside na vila de Camabatela, município de Ambaca, de onde foi evacuado para Luanda. “Nós vimos o helicóptero que veio buscar o doente. As pessoas assustaram quando souberam que um dos pacientes que acusou positivo mora em Camabatela, província do Cuanza-Norte”, disse um dos agentes no posto.
A entrada somente é permitida aos utentes de declarações que autorizem a deslocação em serviço ou a viaturas contendo mercadorias. Ainda segundo os mesmos, o acesso ao Uíge também é possível mediante uma autorização expressa do comandante municipal de Negage, que, por sua vez, solicita ordens superiores na sede provincial, no Uíge, para a continuidade ou não da viagem. No local, várias pessoas do outro lado do Cuanza-Norte vão se concentrando a aguardar pela autorização ou não do acesso ao outro lado. Margarida Ngonga disse estar surpreendida com o impedimento por ter passado sem problemas nesta fronteira na tarde de sábado. "Eu vivo na cidade do Uíge e faço os meus negócios em Camabatela. Não voltei ontem porque estava a recolher dinheiro nas pessoas que me devem, agora cheguei aqui e me falam para voltar a Camabatela, onde não tenho casa".
Como Margarida, vários moradores do Uíge e Negage vendem os seus produtos sobretudo na feira de Camabatela, enquanto as de Camabatela e Samba Cajú preferem fazer as suas compras naquelas localidades.
Enquanto aguardam sentadas em bancos improvisados pelas forças de defesa e segurança, o chefe do posto vai lutando para manter a comunicação com o seu superior em Negage, muitas vezes traído por falta de saldo ou pela insuficiência de rede.
“Chefe, ajude-me só com o seu telefone. O meu acabou o saldo e eu preciso solicitar ao meu chefe autorização de passagem ou não destas mamãs”, era o chefe do posto a dirigir-se a um dos repórteres do JA.